Crítica


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Sinopse

Convocada a retornar ao trabalho, uma espiã aposentada acaba envolvendo seus novos enteados na missão de impedir que um vilão destrua o mundo.

Crítica

Robert Rodriguez parece se divertir ao dividir seus trabalhos entre filmes sangrentos, para um público adulto, e aventuras imaginativas e cheias de efeitos especiais, para as crianças. Depois de quase dez anos do lançamento do último filme da trilogia Pequenos Espiões, que estreou nos cinemas em 2003 e que, inclusive, contava com Sylvester Stallone como vilão, Rodriguez decidiu retornar à saga trazendo novos agentes infantis para os holofotes. O resultado não chega a ser brilhante, mas deve agradar e divertir a garotada, público alvo da produção.

Na trama, com roteiro do próprio Rodriguez, Marissa (Jessica Alba) é uma espiã muito competente, mas que precisa se aposentar precocemente devido a sua gravidez. O seu último trabalho, minutos antes de dar à luz, foi colocar na cadeia o desajustado Tick Tock (Jeremy Piven). Marissa esconde sua profissão do seu marido, Wilbur (Joel McHale), e dos seus enteados, Cecil (Mason Cook) e Rebecca (Rowan Blanchard), com quem não tem um relacionamento muito amistoso. A menina vê a madrasta como uma má substituta da mãe, falecida. Um ano depois de ter abandonado o trabalho, Marissa se vê obrigada a voltar à ativa quando um terrível vilão chamado Time Keeper mexe com as horas do dia, fazendo com que o tempo ande mais depressa. Tick Tock é um dos lacaios do malfeitor e sabe que Marissa possui um artefato que sua gangue precisa para por seus planos em prática. Agora, a ex-agente terá de sair da aposentadoria, sem desconfiar que seus filhos correm perigo. Protegidos pelo cachorro-robô da família (com voz de Ricky Gervais), as crianças descobrirão o segredo da madrasta e se transformarão nos novos pequenos espiões.

Que criança nunca sonhou em viver aventuras como um agente secreto? Ou não imaginou que, com todas aquelas gadgets bacanas, poderia salvar o mundo dos vilões mais perigosos? Rodriguez dá asas às fantasias infantis criando um mundo onde isso não só é possível como encorajado pelos pais. Com visual de videogame e onomatopeias características de desenhos animados, Pequenos Espiões 4 usa desta aguçada imaginação infantil para cativar seu espectador. Imagino que os três episódios anteriores também investiam nesta pegada, mas não posso tecer comentário, pois nunca os vi – exceto pedaços aqui e ali zapeando a televisão. Algo que chamava a atenção nestes trechos esparsos era o visual das criaturas (figuras em formato de dedos, se não me engano). Rodriguez é mestre em criar efeitos especiais baratos, mas funcionais, e em Pequenos Espiões 4 esse visual high-tech retrô, se é que podemos chamar assim, tem seu charme. É como se todos os personagens vivessem em um mundo de brinquedo.

Claro que isso destila qualquer periculosidade da trama. Não acreditamos, em momento algum, que aquelas crianças passam por algum perigo. Esse modo ensolarado de contar a história pode afastar crianças mais grandinhas, que já se aventuram em outros tipos de filme. Quanto ao elenco infantil, Rowan Blanchard é fraquinha, sendo salva pela boa performance de Mason Cook, adorável como o irmão caçula Cecil. Interessante que Rodriguez criou o personagem do garoto com deficiência auditiva, uma mensagem positiva e inclusiva para a criançada. Já entre os adultos, Jessica Alba prova que é um caso perdido como atriz séria, nunca emplacando um papel com alguma dramaticidade. Seu porto seguro são as produções de Rodriguez, nas quais ela não precisa se esforçar para ganhar o seu cachê. Joel McHale está divertido como o pai ausente e amalucado das crianças, mas o verdadeiro destaque do elenco nunca aparece: Ricky Gervais, que faz a voz do cão Argonaut. Suas piadas são os momentos altos de Pequenos Espiões 4.

Legal é ver Rodriguez utilizando o elenco original, Alexa Vega e Daryl Sabara, em pequenos papéis, fazendo uma conveniente ligação com os episódios anteriores. Muita gente deve se surpreender com o quanto os dois cresceram. Sabara, inclusive, tem uma pequena participação no recente John Carter, e Vega tem aparecido em produções pouco conhecidas. Aventura divertida para o público infantil, Pequenos Espiões 4 não faz os minutos andarem mais rápido, como o vilão da história o faz, mas também não é uma total perda de tempo.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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