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Sinopse

Depois que um misterioso meteoro cai na Baía da Aventura, os pequenos e valentes Chase, Marshall, Skye, Ryder e Rubble correm para tentar preservar o local, mas acabam passando por uma experiência inesperada. Ao presenciarem uma estranha energia verde emanando da cratera, eles ganham super poderes.

Crítica

Antes de mais nada, é bom colocar os pingos nos “Is” e deixar as coisas às claras: Patrulha Canina: Super Filhotes não é um longa-metragem, e muito menos a aguardada (pelos fãs, ao menos) transposição dos famosos personagens infantis para a tela grande. O que está sendo exibido nos cinemas brasileiros sob tal anúncio é, na verdade, o vigésimo sétimo episódio da quinta temporada da série de televisão. O capítulo final do quinto ano do programa, portanto. Anunciado com pompa e circunstância nos Estados Unidos, onde foi exibido na telinha em 17 de maio de 2019, obteve bons níveis de audiência – tanto que o show foi renovado para uma sexta incursão. Mas como sua duração é o dobro do normal, a distribuidora brasileira aproveitou a deixa para potencializar na tela grande. Mas não se engane: isso não é cinema. E por mais que esteja sendo vendido como tal, nem em suas aspirações artísticas se aproxima de tal resultado.

Até porque, mesmo sendo um episódio estendido, apenas dobrou dos 20 minutos regulares a pouco mais de 40 minutos. Ainda insuficiente para garantir uma exibição nas salas de cinema sem provocar a fúria dos eventuais espectadores. Como resolver o problema? Chamou-se duas crianças conhecidas por atuarem como influenciadoras digitais de grande repercussão – a atriz Lorena Queiroz e o cantor Pedro Miranda, que juntos somam mais de 6 milhões de seguidores em suas redes sociais – e as colocaram apresentando algumas vinhetas completamente desprovidas de ânimo ou inspiração, fazendo comentários sobre as figuras animadas ou perguntas que somente um público bem infantil, certamente abaixo dos 10 anos de idade, se motivariam em corresponder. Além disso, há mais dois episódios regulares no final, para garantir que todo o conjunto ultrapasse ao menos uma hora de projeção.

Para quem não os conhece, a Patrulha Canina é formada por sete cãozinhos: Chase, Rocky, Marshall, Skye, Everest, Rubble e Zuma. Eles são liderados por um menino, Ryder, e vivem na Baía da Aventura, uma cidade que não parece se importar de contar entre seus habitantes com um grupo de cachorros completamente antropomorfizados e que, além de tudo, falam. Detalhe: são os únicos animais a conseguir tal feito. Gatos, galinhas e peixes, por exemplo, seguem com seus comportamentos normais. E nenhuma explicação quanto a essa diferença entre eles é dada. Afinal, como já foi dito, quem está chegando agora irá, literalmente, pegar o trem andando. Lembrem-se: cinco anos de possíveis esclarecimentos já foram dados previamente aos seguidores do seriado.

Super Filhotes, portanto, é o episódio de abertura. Nele, acompanhamos o que parece ser candidato a vilão, o Prefeito Humdinger, ao lado do sobrinho, Harold, tentando lançar um foguete rumo à Lua. Só que a nave acaba sendo enviada sem ninguém dentro, e termina por se chocar com um asteroide. Ao cair na Terra, o cometa distribuir poderes especiais àqueles que o encontram: justamente o menino e os sete cachorrinhos. Tem-se estabelecido o conflito clássico: um grupo de heróis e o inimigo capaz de anestesiá-los pela maior parte do tempo, até que aprendem a agir em conjunto e, com isso, dar fim ao perigo. Tudo, claro, exposto de modo bastante didático e através de uma visão infantilizada ao extremo.

Chama a atenção uma absoluta falta de criatividade no roteiro. Os protagonistas, quando ganham poderes, parecem versões caninas da Liga da Justiça: um tem super-força, outro é ultrarrápido, e tem até o que consegue elaborar objetos verdes com a mente. Tipo, nada de novo no horizonte. Quanto aos dois capítulos seguintes, um é sobre um ‘monstro do pântano’ – que nada mais é do que um bagre tamanho-família que precisa ser ajudado para voltar ao rio de onde havia se perdido – e o último resgata a ideia dos astros espaciais, porém por focar num observatório que ganha rodas e perde o controle. Nada sério o suficiente para aumentar as tensões, nem leve o bastante para justificar uma visita especial. Patrulha Canina: Super Filhotes não se difere em nada daquilo que já pode ser visto gratuitamente nos programas infantis desde 2013, sem inovações ou maior apuro técnico. Aos desavisados, é quase como uma armadilha: prende, mas só a ponto de provocar irritação.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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