Crítica
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Sinopse
Erika é uma DJ de relativo sucesso e muito amiga de Lara. Durante um festival onde Erika trabalhava, elas conheceram Nando e, juntos, vivem um momento intenso. Entretanto, logo em seguida o trio se separa. Anos depois, Erika e Nando se reencontram em Amsterdã, e se apaixonam. Só que apenas Erika se lembra do verdadeiro motivo pelo qual eles se afastaram pouco após se conhecerem, anos antes.
Crítica
Paraísos Artificiais talvez seja o primeiro filme brasileiro contemporâneo desta década dos anos 2010. No futuro, quando se olhar para estes anos, é muito provável que este longa sirva de exemplo sobre como vivemos hoje. O problema é que ele é tão atual que muita gente não está preparada para ele. O ser humano, e o brasileiro em especial, parece viver no passado, sempre preocupado com o futuro, mas sem nunca ter tempo para aproveitar o presente. E é exatamente sobre isso que fala esta história de amores perdidos, decisões equivocadas, perda de consciência e, acima de tudo, busca de prazer. Sejam eles falsos ou verdadeiros.
Dirigido por Marcos Prado, Paraísos Artificiais marca a estreia do realizador na ficção, após o excelente documentário Estamira (2004). Neste meio tempo, no entanto, ele não ficou parado: produziu dois dos filmes de maior bilheteria da nossa história, Tropa de Elite (2007) e Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (2010). Sócio de José Padilha, os dois agora invertem os papéis e entregam ao público um longa moderno, vibrante e que pulsa a cada batida da trilha sonora (um dos seus muitos pontos fortes). A trama existe, o trabalho com os atores foi feito, todos os cuidados técnicos estão nos seus devidos lugares. Mas o que importa, aqui, está muito além destes quesitos isolados, e se manifesta apenas com a soma das partes – é o conjunto que proporciona uma visão social e atenta aos problemas cotidianos de uma juventude sem foco e carente não só de atenção, mas principalmente de direção.
A história de Paraísos Artificiais se passa em três diferentes momentos. Começamos acompanhando Nando (Luca Bianchi, de Tropa de Elite 2) em sua saída da prisão no Rio de Janeiro. Quatro anos antes ele estava em Amsterdã, ao lado do melhor amigo, quando conhece uma DJ (Nathalia Dill, que estreou no cinema em Tropa de Elite) e por ela se apaixona. O que ele não se dá conta – mas fica evidente para ela desde o início – é que os dois já haviam se encontrado dois anos antes, durante uma rave numa praia no nordeste brasileiro. Vários fatos aconteceram entre estes três momentos que os ligam: o pai dele morreu, o irmão está envolvido com drogas, ela engravidou e virou mãe solteira, a melhor amiga – e antiga paixão – dela desapareceu, o futuro brilhante dele virou pó. Mas os destinos deles insistem em colocá-los diante um do outro, e tudo indica que mais uma vez eles terão que parar para acertar suas diferenças, pois merecem mais um novo começo.
Basicamente uma experiência sensorial, Paraísos Artificiais é particularmente feliz por conseguir transmitir um sentimento de torpor e envolvimento similar à experimentada no universo retratado, que é o da música eletrônica, das drogas alternativas, da contravenção, da adrenalina, do house, da bala, da busca do eu interior. As coisas não são, necessariamente, explicadas nos mínimos detalhes, mas nem por isso perdem o sentido. O que importa é o quadro geral, e este está completo. Alguns pontos, no entanto, poderiam ser mais trabalhados – a relação familiar dele, a conclusão que se estende além da conta, as coincidências que para alguns podem soar forçadas – mas está claro que a preocupação dos realizadores está em oferecer um retrato do todo focando apenas num extrato menor. E neste sentido o efeito é perfeito. É de se lamentar que nem todo mundo irá compreender isso de imediato. Não deixa de ser irônico perceber que talvez nós mesmos não estejamos preparados para o que agora é feito. Neste caso, o tempo pode vir a ser um ótimo aliado.
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uma coisa eu nao entendi a Lara no filme morre com as drogas e a Erika nao fica sabendo?