Crítica


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Sinopse

Boss Spearman, Charley Waite, Mose Harrison e Button estão determinados a lutar contra os desmandos de Baxter, poderoso vaqueiro da região oeste dos Estados Unidos. Enquanto isso, eles lidarão com demônios muito pessoais.

Crítica

Nada como um Oscar na estante para estragar a vida de um astro em ascensão. Falo de “estrelas” como Marisa Tomei ou Mira Sorvino, que sumiram após suas vitórias, ou como Cuba Gooding Jr. e Adrien Brody, que seguem fazendo uma porcaria atrás da outra desde suas históricas conquistas. Neste mesmo time está(va) Kevin Costner, multipremiado por Dança com Lobos (1990), mas que nas duas décadas seguintes só tomou decisões equivocadas (bombas como Waterworld: O Segredo das Águas, 1995, por exemplo). Mas para tudo deve haver um basta, e a maré de má sorte que abatia a carreira do homem que já viveu heróis como Robin Hood e Eliott Ness teve um suspiro de descanso em Pacto de Justiça, um bom e competente faroeste que, se não apresenta algo de inovador, ao menos satisfaz por sua sinceridade e emociona nos momentos certos.

O segredo para o bom desempenho de Pacto de Justiça talvez seja a humildade com que Costner tenha abraçado o projeto. Acostumado a grandes orçamentos e a histórias megalômanas, dessa vez se conteve com custos limitados (o orçamento foi de apenas US$ 23 milhões, realmente baixo para os padrões hollywoodianos) e com uma trama simples, que trata da vingança de dois homens no velho oeste. Como resultado imediato, o elogio da imprensa internacional e um retorno nas bilheterias quase três vezes superior ao seu custo total.

Costner, em seu terceiro trabalho como diretor (e até então o último), também atua, ao lado de Robert Duvall (que é o primeiro nome nos créditos, com o realizador contentando-se numa posição de coadjuvante). Os dois comandam um rebanho itinerante – ou seja, não possuem terras fixas, apenas gado, e saem desbravando os cenários selvagens do oeste norte-americano, em busca de novas paragens e de pasto fresco. Com a ajuda de dois rapazes (Abraham Benrubi e Diego Luna), seguem seu caminho até chegarem numa pequena cidade onde a Lei é comandada por um poderoso rancheiro, interpretado por Michael Gambon. Logo o conflito entre eles se estabelecerá, já que o xerife é contrário à prática dos caubóis viajantes – claro, ela é prejudicial ao tratamento dos seus próprios animais, já que irá disputar os mesmos campos.

Pacto de Justiça não pode ser considerado um filme perfeito – poderia ter uma meia-hora a menos, tranquilamente, por exemplo. O início é por demais pausado e o roteiro se estende, em alguns momentos, exageradamente em discussões e acontecimentos que pouca relevância possuem à história que está sendo contada. Mas, ao mesmo tempo, sua única preocupação parece ser entreter e divertir, sem maiores ambições. E isso o faz, e muito bem, capturando a atenção do público. Com belas cenas, uma fotografia deslumbrante, atuações competentes (particularmente Annette Bening, que apesar de pouco aparecer, está em um personagem que ganha muita força no final) e uma direção segura, que chega até a surpreender em determinadas sequências – como o duelo final, que prende o olho do espectador na tela. É um faroeste honesto, que apesar de não ser inovador – e talvez por isso mesmo – é convincente, seja por suas intenções ou resultados alcançados. Uma obra curiosa, que merece um olhar mais atento.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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