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Sinopse

Oz é o dono de um circo mambembe, que tem uma ética um tanto quanto questionável. Transportado para um mundo mágico e desconhecido, ele precisa lidar com a batalha entre três bruxas locais: Theodora, Evanora e Glenda.

Crítica

Não há lugar como o lar, já diria Dorothy. E nós estamos em Kansas novamente. Desta vez a fotografia é em preto e branco, e não em sépia como no clássico de 1939, O Mágico de Oz. É em um vilarejo da região que conhecemos Oscar Diggs, um mágico picareta em decadência que vive de truques de ilusionismo e casos com mulheres casadas. Durante uma confusão, um tornado atinge o local, e quem é levado para Oz desta vez é o pretenso ilusionista. Assim começa Oz: Mágico e Poderoso, nova produção da Disney que, ao contar com um orçamento de US$ 200 milhões. pretende fazer o mesmo sucesso de Alice no País das Maravilhas (2010), filme dirigido por Tim Burton que arrecadou mais de um bilhão no mundo todo.

As semelhanças entre as produções não são somente por ambas terem sido produzidas pelo estúdio do Mickey, por serem releituras de clássicos da literatura infantil e conduzidas por diretores que entendem de histórias que beiram ao bizarro (Tim Burton no filme de três anos atrás e Sam Raimi neste). Os mundos de Alice e de Oz também se encontram por serem fantásticos e repletos de personagens estranhos. E, assim como Alice é a promessa de uma revolução no País das Maravilhas, Oscar acaba sendo o protótipo de salvador da terra que está sendo devastada por uma das três bruxas que lá vivem (Theodora, Evanora e Glinda), cabendo ao espectador tentar adivinhar (sem muito suspense) qual delas está provocando a revolta dos habitantes e como esta situação será resolvida. Esta história acaba servindo como a origem do Mágico de Oz, este sim, o conto realmente conhecido dos pequenos.

Apesar da narrativa beirar à ingenuidade muitas vezes, especialmente com reviravoltas previsíveis, o trabalho do desenhista de produção, Roberty Stromberg, e a divertida direção de Sam Raimi arremessam o espectador da cadeira com um 3D fascinante que nos transporta para o mundo de Oz, da estrada de tijolos amarelos à florestas geladas. Raimi, por sinal, ainda utiliza da sua experiência na trilogia original do Homem-Aranha e de seu extenso currículo de filmes de terror (de A Morte do Demônio, de 1981, até o recente Arrasta-me Para o Inferno, de 2009) para colocar uma pitada de suspense e sustos na história, além de usar e abusar de planos abertos que mostram todas as cores daquela fantasia, mostrando que a escolha do diretor não poderia ser mais certeira.

Um dos aspectos mais interessantes da narrativa é o jogo de duplos entre os personagens da realidade do mágico com as fábulas existentes na terra de Oz. Neste sentido, a doce Annie, paixão do protagonista, e Glinda, a bruxa branca de Oz (ambas interpretadas por Michellle Williams) são aspectos de uma mesma personalidade que se fundem. Esta duplicidade é ressaltada ainda mais em dois personagens (interpretados e dublados pela pequena Joey King) que mexem com a culpa de Oscar. A primeira delas é uma menina que vive numa cadeira de rodas e, durante um show em Kansas, pede para o mágico fazê-la voltar a andar. Como ele não é capaz, é vaiado e quase escurraçado pela multidão. Sua segunda chance vem na forma de uma boneca de porcelana que teve seu vilarejo e sua família destroçados num ataque em Oz, além de ter suas pernas quebradas. Pois é com uma simples cola que Oscar conjura sua mágica e faz esta menina andar. São exemplos que deixam o espectador na dúvida se o mundo em que Oscar vive é realidade ou apenas uma projeção mental do mesmo, numa forma de aliviar seu fardo e se redimir do passado.

Por sinal, esta boneca de porcelana, que tem um gênio um tanto extravagante, é um dos aspectos mais fascinantes do filme, que também conta com outros coadjuvantes animados incríveis, como o macaco voador Finley (Zach Braff). Quem dá vida ao suposto mago é James Franco, numa interpretação canastrona que serve como uma luva no papel do mágico de caráter dúbio. O trio de bruxas também dá um show. Rachel Weisz, Mila Kunis e Michelle Williams estão absurdamente lindas e dentro do tom de cada uma de suas personagens (não cabendo dizer aqui quem é a malvada de verdade).

Para os saudosistas do clássico de 1939 ou simplesmente fãs da obra do escritor L. Frank Baum, não faltam referências à história original, desde a aparição de tornados, espantalhos e, é claro, um leão covarde. Oz: Mágico e Poderoso, é uma obra que entretém e fascina, especialmente os pequenos, por sua grandiosidade e sua explosão de cores e efeitos visuais, além de contar, é claro, com uma bela lição de moral, tão cara aos contos infantis. As sementes para uma continuação são plantadas ao final do longa. E se realmente repetir o sucesso de Alice há três anos, quem duvida que logo a sequência chega aos cinemas? Se mantiver a qualidade desta obra, Sam Raimi pode se preparar para dirigir mais uma trilogia de sucesso.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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