Crítica


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Sinopse

Antes de morrer, a vítima de um acidente conta aos Trapalhões que há um tesouro escondido num castelo assombrado. Eles vão se juntar a um delegado para evitar que a bufunfa caia em mãos erradas.

Crítica

O diretor croata J.B. Tanko foi o responsável por diversas obras memoráveis dos Trapalhões. Foi ele quem dirigiu o segundo filme estrelado por Renato Aragão, O Adorável Trapalhão (1966), foi dele também o comando da maior bilheteria da trupe, O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão (1977), e do indiscutível melhor longa-metragem dos comediantes, Os Saltimbancos Trapalhões (1981). Em 1987, Tanko dirigiria seu último filme e calharia ser uma produção estrelada por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias: Os Fantasmas Trapalhões.

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Muitos antes da enxurrada de filmes de super-heróis nos cinemas, o Brasil tinha sua própria equipe heroica. Não à toa, na trilha do longa-metragem uma das canções que chamam a atenção é “Super-Heróis Brasileiros”. As tramas dos filmes dos Trapalhões sempre tinham esta aura aventuresca. Mas em Os Fantasmas Trapalhões, J.B. Tanko acerta a mão ao colocar os protagonistas como verdadeiros heróis. Em cena, temos inclusive um Didi Mocó se arriscando ao pular de um carro em movimento para outro, tentando neutralizar bandidos que perseguiam um velhote. É assim, inclusive, que os amigos se metem em mais uma confusão.

Com roteiro de Renato Aragão e Domingos Demasi, o longa coloca Didi, Dedé, Mussum, Zacarias e o delegado Augusto (Gugu Liberato) em uma jornada em busca de US$ 5 milhões escondidos em um casarão mal-assombrado. Giovani (Wilson Grey) roubou este valor e deseja devolver ao banco, mas está velho demais para isso, morrendo no caminho. O quinteto parte para ajudá-lo, esperando que a recompensa prometida faça valer a aventura. Ao chegar lá, se deparam com um lugar soturno, com o perigoso mordomo tentando colocar os planos a perder. Didi se apaixona pela interesseira cigana Ruth (Carla Daniel) enquanto Augusto se afeiçoa pela misteriosa Leila (Bia Seidl). Esta paixão pode fazê-lo desistir de tudo, inclusive.

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Os Fantasmas Trapalhões é uma interessante visita do quarteto ao gênero sobrenatural, embora as aparições sejam apenas assustadoras para o público-alvo infantil. Os responsáveis pela direção de arte e figurinos se mostram esforçados ao criar um ambiente lúgubre como aquele, mesmo com as sabidas restrições orçamentários de produções nacionais na década de 1980. E o quarteto se mostra em bom momento, com todos tendo algum tempo para brilhar no filme – com destaque para Didi, como geralmente acontece.

O que coloca reticências na produção é a presença maior de nomes que surgem apenas como chamariz de audiência. Gugu Liberato, por exemplo, era sucesso como apresentador de tevê e o grupo Dominó um dos tantos números musicais que eram presença obrigatória em seu programa. Enquanto a boy band brasileira ganha uma aparição completamente descartável, mas ao menos em pouco tempo de filme, Gugu coprotagoniza a trama ao lado dos trapalhões, com uma atuação risível. Suas cenas de ação ao lado de Didi só não são mais cômicas do que as tentativas infrutíferas de parecer apaixonado ao lado de Bia Seidl. Infelizmente, este tipo de participação especial seria cada vez maior em filmes futuros.

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Com trilha sonora com músicas que fizeram a festa da criançada em 1987, como “No Mundo da Lua”, “Super-Heróis Brasileiros”, “Minha Tutti” e “Meu Fantasminha Vagabundo”, Os Fantasmas Trapalhões tem bons momentos, mas deve funcionar melhor com fãs inveterados da trupe.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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