Os Especialistas

Crítica

Apesar do nome original – Killer Elite – ser o mesmo de uma produção de 1975 estrelada por Robert Duvall e James Caan, esse Os Especialistas não é um remake, e sim a adaptação de um romance inspirado em fatos verídicos escrito por Ranulph Fiennes em 1991. Esse Fiennes, aliás, também não possui relação alguma com os outros astros de mesmo sobrenome – Ralph e Joseph – além do fato de serem todos ingleses. E se essas não são confusões suficientes para um único filme, há ainda a presença de Robert De Niro, que é explorada com bastante destaque no cartaz, apesar do ator não aparecer mais do que 15 minutos durante todo a história. Ou seja, os enganos são muitos, e o longa como um todo é o maior deles.

Os Especialistas é, apesar de tudo indicar o contrário, mais um filme de ação de Jason Statham, ator britânico que ficou famoso em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch – Porcos e Diamantes (2000), os primeiros filmes de Guy Ritchie, o ex-marido da Madonna, e que depois se consolidou como astro de ação em produções de nível B, como as séries Carga Explosiva (2002, 2005 e 2008) e Adrenalina (2006 e 2009). Ele apenas muda de posto, e coloca como coadjuvantes de luxo atores estrelados como Clive Owen (Closer, 2004) e o próprio De Niro. Os três aparecem em cena como ex-militares que ganham a vida como mercenários, e tudo se resume a um jogo de gato e rato sem prazo para acabar.

Statham é o personagem mais clichê de todos: o gênio do crime que, cansado da vida de perigos e inseguranças, larga tudo e vai viver uma vida calma no campo ao lado da mulher que ama. Mas essa paz logo acaba quando é chamado por um sheik árabe que quer que ele faça um último trabalho. Se recusar, será a vida do seu antigo tutor – De Niro – que estará por um fio. O que o assassino deve fazer é eliminar soldados que durante a guerra mataram os três filhos mais velhos do sheik. O que quer é vingança e a garantia de que o filho mais novo poderá voltar para as antigas terras com segurança. Mesmo que o conflito já tenha acabado há muitos anos. Já na Inglaterra para executar o serviço, quem irá se opor aos seus planos será o ex-soldado interpretado por Owen, outro habilidoso combatente que irá lutar com todas as suas forças para impedir essa chacina.

Dirigido por Gary McKendry, cineasta indicado ao Oscar pelo curta Everything in this country must (2004) e que aqui estreia em longas-metragens, Os Especialistas carece principalmente de uma mão mais segura no seu comando, alguém que saiba o que realmente quer dizer e que não fique perdendo tempo com tramas paralelas que não levam a lugar algum. Já quanto ao elenco, Statham é o que está em seu campo, fazendo o que sabe melhor. Sua presença é magnética, e só por ele o filme não se torna um desperdício completo. De resto, melhor esquecer, pois histórias como essa já foram vistas inúmeras vezes antes, e em produções muito mais eficientes.

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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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