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Sinopse

Um jovem oficial da Marinha norte-americana converte-se em analista financeiro e passa a trabalhar em Moscou. No trabalho, descobre um complô para desvalorizar a moeda dos Estados Unidos. Assim, ele deve correr para salvar a economia de seu país contra os terroristas russos.

Crítica

Tom Clancy foi o escritor de thrillers políticos e militares que Dan Brown gostaria de ser na área dos mistérios históricos. Tendo gerado já quatro longas que variam entre interessantes e muito bons, Operação Sombra: Jack Ryan é a primeira vez que nenhuma de suas obras especificamente é transposta para as telas, sendo este apenas livremente inspirado em seus personagens.  E sem o charme de uma narrativa do autor, o filme, apesar de não cometer muitos tropeços e se mostrando até mesmo cativante, é, no fim das contas, um produto genérico livremente inspirado pela trilogia Bourne. 

A história se repete: o analista da CIA, Jack Ryan (Chris Pine), personagem que já ganhou os rostos de Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck, se vê subitamente como agente de campo e envolvido em uma conspiração política. Para piorar, talvez na intenção de homenagear o primeiro longa da franquia, A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), o roteiro do normalmente elogiável David Koepp traz uma trama batida envolvendo fundamentalistas russos em busca de vingança contra os Estados Unidos. Em tempos em que a Guerra Fria era ainda palpável e se podia contar com o carisma de Sean Connery, tal proposta até funcionava. Mas atualmente, e nesta específica situação, é apenas clichê ficar cutucando esta velha inimizade entre as duas nações. Acontece de Ryan descobrir um plano para gerar uma crise econômica em Wall Street e ter que viajar para Moscou para interceptar o gênio criminoso da vez, um tal de Viktor Cherevin (Kenneth Branagh, que também assina como diretor). E tudo isso não antes de sua esposa, a médica interpretada por Keira Knightley, suspeitar que ele está tendo um caso e segui-lo até lá – como se fosse plausível!

Mas inacreditáveis mesmo são os diálogos ouvidos aqui; enquanto o vilão não se poupa de expressar um “chegou a hora!”, os mocinhos são obrigados a proferir falas como “espere dois minutos até tomar as pílulas”, “por quê?”, “pra você provar que pode!”, ou “eu sou da CIA” (ela sorri e o abraça) “que bom, achei que estivesse tendo um caso”. Não é preciso dizer que quase todas essas sequências provocam riso involuntário, ainda mais desastrosas que os efeitos digitais, que ao menos contaram com a consciência de Branagh para escondê-los o máximo possível, mesmo que este se sinta obrigado vez ou outra a mostrar uma explosão capenga obviamente criada pelos estagiários de After Effects. O cineasta, aliás, passa apagado na cadeira da direção, posição em que normalmente pesa a mão para o bem ou para o mal. E aqui, o único momento em que se destaca, infelizmente não é positivo; ao revelar seu próprio personagem, o realizador faz questão de manter o rosto escondido da câmera enquanto o vilão pune um empregado com rigor por um simples erro cometido, em uma tentativa terrivelmente batida de desumanizar uma figura “malvada”, esquecendo-se que, na verdade, os mais cativantes vilões são aqueles que, pelo contrário, são mais humanos.

É inegável, no entanto, que no que se refere ao ritmo e ao entretenimento, Operação Sombra: Jack Ryan é capaz de cativar enquanto dura, contando com uma trilha sonora bem equilibrada entre a tensão e a sensibilidade (cortesia de Patrick Doyle, repetindo a parceria com o diretor depois de Thor, 2011) e com ao menos uma sequência inteiramente satisfatória – no caso, aquela em que os protagonistas executam um complicado roubo. Eficiente ao reintroduzir a figura de Jack Ryan e sua icônica mitologia, o filme, no entanto, falha ao jogá-lo em uma trama aborrecida e esquecível. O que, provavelmente, como é regra em Hollywood, deverá impedir que haja uma nova continuação. Uma pena, pois a encarnação de Chris Pine é uma das mais interessantes que o personagem já ganhou.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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