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Sinopse

Em O Vingador do Futuro, para um operário chamado Douglas Quaid, apesar de ter uma bela esposa a quem ama, as palavras “viagem mental” soam como férias perfeitas de sua vida frustrante – memórias reais de uma vida como um super espião podem ser exatamente o que ele precisa. Mas quando o procedimento dá errado, Quaid se torna um homem procurado.

Crítica

Colin Farrell tem que começar a repensar seus personagens. Mesmo tendo sido uma grata surpresa no remake de A Hora do Espanto (2011), o ator já não é a figura carimbada de alguns anos atrás, se lembrarmos filmes como Tigerland (2000) – sucesso que fez seu nome estourar – ou Na Mira do Chefe (2008), que mostrou ser capaz de ir além dos blockbusters. Aliás, seu talento permanece intacto nesta reinvenção de O Vingador do Futuro, o problema é que o filme não deixa nem ele, nem seus colegas de cena, desenvolverem seus personagens.

Baseada no conto We Can Remember It for You Wholesale (adaptado para o português como Podemos Recordar para Você por um Preço Razoável) de Philip K. Dick – escritor que inspirou Blade Runner (1982) – a história se passa numa Terra devastada pela guerra química que deixou apenas duas áreas populosas ligadas por um túnel que atravessa o núcleo do planeta. A dos ingleses explora o que seria a Austrália. E nesta terra colonizada temos um trabalhador, Douglas Quaid (Farrell), casado com a bela Lori (Kate Beckinsale), mas que começa a ter pesadelos violentos e que envolvem uma outra mulher (Jessica Biel). Ele resolve testar suas lembranças na empresa Recall, que tem como premissa criar memórias realistas para seus clientes. É claro que a experiência com Quaid faz com que sua memória original seja restaurada e ele se descobre o “salvador da pátria”. A polícia do futuro é alertada e começa um jogo de gato e rato.

Um dos grandes problemas desta nova versão, além da falta que Marte nos traz, talvez seja a direção. Se o original de 1990 tinha Paul Verhoeven e sua incrível capacidade de misturar sexo e violência por muitas vezes de forma irônica (afinal, estamos falando de alguém que realizou Robocop, 1987, e Instinto Selvagem, 1992), aqui temos Len Wiseman, um realizador correto – e nada além disso. Seguindo a mesma linha de seus filmes anteriores (Duro de Matar 4.0, 2007), o cineasta usa e abusa dos efeitos especiais e das cenas de ação para limitar a falta de densidade da trama, além de querer recriar cenas e personagens que são ícones do filme original, mas que aqui não trazem nada de novo. Quem viu o original e for assistir a esta nova versão vai saber do que estou falando.

O trabalho do elenco também não foge dos padrões. Beckinsale (mulher do diretor) toma o lugar de Sharon Stone como a espiã femme fatale e não faz feio, assim como a revolucionária vivida por Biel, mas não há muito o que explorar. A falta de aproveitamento toma proporções maiores com os veteranos e excelentes Bryan Cranston e Bill Nighy, que servem apenas como líderes de lados opostos – e ponto.

Este novo O Vingador do Futuro está longe de ser ruim. É apenas aquele filme que vai divertir por duas horas e ser esquecido 15 minutos depois da sessão ter acabado. Para os mais fissurados pelo original, talvez seja motivo de ódio e até dê saudade de Schwarzenegger. E por isso retomo o que dizia antes: Colin Farrell tem que repensar seus papéis. Porque ficar atrás de atuações como a do já citado eterno exterminador do futuro não deve ser algo muito agradável.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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