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Sinopse

Prestes a sair da escola, o tímido Dudu está às voltas com sua virgindade. Seus melhores amigos decidem ajudá-lo a ter a primeira relação sexual, por eles compreendida como um rito de passagem. Surge Débora, a professora mais sexy da escola e um convite inusitado.

Crítica

Na primeira cena de O Último Virgem, os diretores Rilson Baco e Felipe Bretas tratam logo de deixar bem claras as suas intenções, caso algum desavisado não as tenha entendido a partir do próprio título. Neste prólogo, o adolescente Dudu (Guilherme Prates, de O Vendedor de Sonhos, 2016) está se masturbando na sua cama, enquanto sonha com a professora gostosona Debora (Fiorella Mattheis, servindo meramente como deleite visual). Porém, assim que goza, resolve se limpar... num mamão cortado e deixado em sua cabeceira (sugestão de café da manhã, imagina-se). Porém, quem entra logo em seguida é a mãe do rapaz, preocupada com o atraso dele em ir à escola. Só que ao ver a fruta, ela exclama: “hum, mamão com leite condensado? Que delícia”, aproveitando para comer uma boa colherada do prato. Quem achar graça nesse tipo de humor, talvez encontre aqui, com algum esforço, motivo que justifique o investimento (de tempo e dinheiro) em tamanha bobagem. A todos os demais, comprova-se mais uma vez o talento dos brasileiros em produzir longas tão descartáveis e desnecessários quanto aqueles hollywoodianos com os quais esse aqui tenta se equiparar.

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Uma vez na sala de aula, Dudu é convidado pela professora para uma lição de reforço na casa dela. Ele, que é uma dos melhores da classe, ao contar o fato aos amigos, acaba convencido que ela não só estaria a fim dele, como também havia lhe convidado para uma sessão de sexo selvagem (os motivos, obviamente, são tão absurdos quanto esse argumento). Assim, o malandro Escova (Lipy Adler, também autor da história, que antes havia dado origem a uma peça de teatro), o esfomeado Borges (Éverlley Santos) e o zen Gonzo (Christian Villegas) decidem que o colega não pode comparecer a um compromisso como este sem nenhuma... experiência prévia. E por isso saem com ele atrás de alguma prostituta que possa ensinar o bê-á-bá ao garoto.

Por mais que o Brasil tenha histórico em comédias sexuais – as ingênuas e atrevidas pornochanchadas dos anos 1970 – o que se persegue aqui são os besteiróis adolescentes que tanto sucesso fizeram nos Estados Unidos uma década depois, a partir do fenômeno Porky’s (1981) – o mais curioso, no entanto, é que nem essa intenção os realizadores chegam a assumir, preferindo mirar no genérico American Pie (1999), que nada de original possuía. Assim, O Último Virgem revela-se, portanto, cópia da cópia. E o mais engraçado: parece se orgulhar disso.

Dudu possui uma melhor amiga, Julia (Bia Arantes). Se ela namora um brutamontes, é claro que não tardará a perceber a furada em que está metida, mas não antes de desmotivar o amigo a revelar suas verdadeiras intenções. O jovem pode ser virgem, mas não por falta de oportunidade – não se trata de um nerd retardado ao estilo de O Virgem de 40 Anos (2005), por exemplo. Porém, se ele estava à espera da garota certa, seria essa uma moça de vida fácil, como seus companheiros insistem em apontar? Ou mesmo um ideal mais velho, ainda que mítico? Após uma série de eventos – traficantes, falta de preservativos, camisinhas sabor canela (?!?) – que em nada contribuem com o andar da trama, o óbvio acontece: Dudu e Julia ficam diante um do outro. Agora, é de se perguntar: alguém chegou a imaginar que tal reunião poderia não acontecer?

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Sem coragem para ousar de verdade e preferindo trilhar os caminhos mais fáceis, investindo no explícito somente até certo ponto – não há nada de nudez, revelando um conservadorismo constrangedor – O Último Virgem é tão descartável quanto qualquer um poderia imaginar diante do que oferece como fiapo de história. E se o elenco principal – o protagonista, em especial – não chega a ser um problema, todos ao seu redor mal conseguem ir além do embaraço. E esqueça o rosto de Fiorella Mattheis no pôster ou os nomes de André Ramiro, Werner Schunemann ou Márcio Kieling no elenco: suas participações são tão eventuais e aleatórias quanto desnecessárias. Ou seja, como quase tudo por aqui: promete-se muito, mas entrega-se quase nada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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