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Sinopse

Em um tempo de encantamento em que lendas e magias se colidem, o único guerreiro remanescente de uma ordem mística viaja para encontrar um rapaz profetizado que nascera com poderes incríveis, o Sétimo Filho. Arrancado de sua vida tranquila de colono, o improvável jovem herói embarca em uma aventura ousada com o seu mentor para combater a rainha da escuridão e o exército de assassinos sobrenaturais que assombram o reino.

Crítica

A cada nova superprodução que chega aos cinemas, mais somos forçados a nos convencer que o futuro da humanidade – ontem, hoje, amanhã ou em qualquer realidade alternativa proposta – recai sobre os ombros dos jovens. Os exemplos são inúmeros, e nem vale a pena citá-los. No entanto, a dúvida é: estamos mesmo falando da salvação dos homens ou dos ingressos das bilheterias – afinal, esse é o público que segue comparecendo em massa às salas de exibição. Mas, com o que vemos em O Sétimo Filho, essas intenções não devem funcionar nem num lado, nem noutro. Afinal, o escolhido como protagonista é o inexpressivo – e nem tão jovem assim – Ben Barnes (que faz 35 anos em 2015), e o resultado foi tão frustrante que temos desde já uma dos mais fortes candidatos às Framboesas de Ouro como um dos piores títulos dessa temporada.

Barnes aparece como Tom Ward, o caçula de uma família de sete filhos (meio óbvio, não?) que é apontado por um experiente caça-bruxas (Jeff Bridges) como o predestinado a acabar com um grande perigo que voltou a ameaçá-los depois de dez anos de prisão: a feiticeira Mãe Malkin (Julianne Moore), que retornou sedenta por vingança. Pra começar: se Ward é filho da personagem de Olivia Williams (Três é Demais, 1998), que tem apenas 13 anos a mais do que ele, como foi possível que ela tivesse outros seis filhos antes dele? Mas este é apenas o menor dos problemas.

O Sétimo Filho foi filmado entre janeiro e julho de 2012, e levou três anos para chegar às telas. É por causa desse atraso que que a revelação Kit Harington, que se tornou um astro popular como o bastardo Jon Snow do seriado Game of Thrones (2011-2019), tem uma participação tão descartável neste filme, ao invés de estar no papel principal (o que certamente aconteceria caso as filmagens acontecessem hoje). Outra questão controversa é a presença equivocada de Bridges, criando um sotaque e trejeitos irritantes e desnecessários como esse mestre em busca de um pupilo, repetindo pela terceira vez seguida o mesmo personagem, após R.I.P.D.: Agentes do Além (2013) e de O Doador de Memórias (2014). Aliás, é impressionante como estes três filmes são similares, mudando apenas o contexto em torno de suas tramas básicas. E, para completar, todos foram retumbantes fracassos de bilheteria.

E se a Maldição do Oscar parece ter pego de jeito Bridges, só não se pode dizer o mesmo a respeito de Moore por uma questão cronológica: ainda que O Sétimo Filho esteja chegando aos cinemas após o drama Para Sempre Alice, que lhe valeu a estatueta neste ano, como dito antes ele foi feito primeiro. No entanto, chega para confirmar uma impressão recorrente na carreira da atriz: para cada bom trabalho que entrega, há um equivalente – e, geralmente, bastante próximo em termos de datas – muito problemático. A magia do longa dirigido pelo russo Sergei Bodrov (que chamou atenção pela primeira vez com o épico O Guerreiro Genghis Khan, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007 pelo Casaquistão) é muito pobre visualmente e clichê em seus efeitos, investindo em soluções óbvias e desnecessárias. Já as motivações dos envolvidos – um desenlace amoroso mal sucedido de anos atrás – parece argumento de novela mexicana, para não dizer pior.

Em resumo, O Sétimo Filho é só mais uma das tantas investidas fantásticas que os estúdios decidiram apostar na última década após o incrível sucesso das sagas O Senhor dos Anéis e Harry Potter. O resultado, no entanto, fica aquém de qualquer tipo de expectativa, desperdiçando os esforços de dois atores reconhecidos e de novos nomes que poderiam ser melhor aproveitados – como a bela Alicia Vikander, do sueco O Amante da Rainha (2012), que pouco consegue fazer como interesse amoroso do protagonista. E mesmo que entre os roteiristas esteja Steven Knight (indicado ao Oscar por Coisas Belas e Sujas, 2002), simplesmente não há liga entre tantos elementos díspares. No final, tudo que se tem é mais do mesmo, requentado sem originalidade nem frescor. Passatempo descartável e facilmente esquecível, que em nenhum momento faz jus ao talento dos envolvidos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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