Crítica
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Sinopse
Benjamin e Valdemar formam a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue. Benjamim é um palhaço sem identidade, CPF e comprovante de residência, que vive pelas estradas na companhia da trupe do Circo Esperança. Mas ele acha que perdeu a graça e parte em uma aventura atrás de um sonho.
Crítica
Exibido com sucesso no Festival de Paulínia, de onde saiu premiado como Melhor Direção, O Palhaço foi uma escolha acertada para ser o filme de abertura do 39º Festival de Cinema de Gramado. O que talvez tenha sido um exagero foi a entrega do Troféu Cidade de Gramado para o diretor e protagonista Selton Mello. Tudo bem, ele é um dos maiores – e comprovados – talentos do atual cinema nacional, mas também trata-se de um jovem com nem 40 anos! Não seria muito cedo para uma homenagem como essa? De qualquer forma, além de ser um trabalho excepcional, que já demonstra uma maturidade como cineasta impressionante – neste que é recém seu segundo longa como diretor – serviu para oferecer um brilho que Gramado tanto estima: além de Mello, estiveram presentes na sessão quase toda a equipe, com destaque para os atores Paulo José, Danton Mello (irmão do diretor), Jackson Antunes e Erom Cordeiro, entre outros membros do elenco.
O Palhaço, como o título já anuncia, trata da vida de um palhaço de circo (o próprio Selton). Benjamin é, também, administrador do negócio, que pertence ao pai (Paulo José), igualmente palhaço e já bastante ausente da maioria das negociações. A trupe é formada ainda pela bela dançarina cuspidora de fogo, pela senhora gorda, pelo magro alto, pela dupla de irmãos músicos, pelo casal que encena rápidos esquetes e outros da mesma estirpe. O problema, que o filme logo anuncia, é que o herdeiro está cansado daquela vida. Quer algo novo, que o estimule e excite. Nem ele sabe muito bem o que é deseja, apenas tem certeza do que não quer mais.
Estruturado de forma episódica, O Palhaço tem vários momentos de puro humor, como a visita ao prefeito da pequena cidade ou as apresentações dos artistas no picadeiro. Apesar disso, este é um filme com alta carga dramática, que parte da tristeza e insatisfação profunda de um personagem para servir de exemplo de uma condição humana muito particular e, ao mesmo tempo, universal: como nos contentar com o que temos ao invés de só almejar o que nos parece impossível? Em certo momento da história uma garota vem lhe elogiar, dizendo que é de uma outra cidade e que eles deveriam se apresentar lá. Isso é suficiente para ele imaginar toda uma outra vida com a menina, como se a possibilidade que esse flerte lhe abriu também servisse de caminho para o fim do depressão que lhe abate. Mas a solução do que lhe atormenta estaria nos outros ou nele mesmo?
Outro ponto interessante da narrativa é a obsessão do protagonista por ventiladores. Esse corriqueiro objeto acaba assumindo uma proporção muito maior, como se o simples fato de possuí-lo significasse realização e poder. Sua vida é tão infeliz que nem de um reles ventilador é dono, é o que pensa. Até o momento em que se vê cercado de diversos modelos e percebe que a felicidade não está lá fora, como sempre imaginou.
Após Feliz Natal (2008), seu trabalho de estreia, O Palhaço pode ser visto como a confirmação de que, apesar de ser um excelente intérprete, talvez o futuro de Selton Mello esteja atrás das câmeras. Intenso e profundo, mesmo tratando de assuntos nada excepcionais, ele imprime uma marca própria em suas realizações, deixando claro que nesse tempo todo de carreira muito aprendeu e ainda mais tem a ensinar. Em Paulínia o longa ganhou ainda os prêmios de Ator Coadjuvante, para Moacir Franco (numa pequena e hilária participação), Figurino (de Kika Lopes) e Roteiro, do Selton em parceria com Marcelo Vindicatto. Reconhecimentos justos que oferecem mais notoriedade a um filme que ficou marcado como um dos memoráveis de 2011.
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Considerando o talento do Selton Melo, não gostei do filme. Muitos outros talentos neste filme que também não tiveram atuação.