Crítica
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Crítica
O Novo Herdeiro é a mais nova aposta de Bollywood, famosa indústria indiana falada em hindi. Entretanto, a obra é um remake de Ala Vaikunthapurramuloo (2020), projeto produzido em Tollywood, ecossistema de outra parte do país que produz obras na língua telugu, assim como RRR (Revolta, Rebelião, Revolução) (2022). Infelizmente, algo ficou pelo caminho nessa adaptação. A produção do momento não tem a mesma pretensão de se aprofundar nas próprias questões sociais como o vencedor do Oscar de Melhor Canção Original, ou até complementar ideias vistas em outros filmes semelhantes. Resultado maçante que, nem de longe, tem a ver com as exorbitâncias visuais que são tão características no audiovisual daquela parte do globo.
Na história, somos apresentados a Valmiki (Paresh Rawal), empregado do milionário Randeep Nanda (Ronit Roy) e seu pai, Aditya Jindal (Sachin Khedekar). Coincidentemente, as esposas do trabalhador e de Randeep estão dando à luz no mesmo hospital, mas em quartos distintos, deixando claras suas posições sociais. Numa oportunidade pouco crível, o servo da família troca os bebês de leito. Segundo ele, assim, seu filho não terá o mesmo destino “azarado” dele. E, é claro, no futuro, crê que poderá, de alguma forma, fazer parte da fortuna dos patrões.
Vinte e cinco anos depois, o descendente real de Valmiki, Raj Nanda (Ankur Rathee), possui uma vida de luxo, no qual o simples ato de caminhar não é uma necessidade, para se ter ideia, já que ele anda por sua mansão com um pequeno carro elétrico. Embora fútil e sem perspectiva de futuro, sua ingenuidade suscita alguma empatia pela criação errática que ganhou. Na mesma proporção infantil, Bantu (Kartik Aaryan) - herdeiro legítimo dos abastados - se desenvolveu nas periferias de Nova Delhi sem o carinho necessário do pai de mentira, que sempre o rejeitou. Entretanto, sua esperteza e senso de justiça o levaram a conquistar espaços profissionais. Sonhando ser um advogado de sucesso, frequenta grandes escritórios de advocacia. Num destes, conhece Samara (Kriti Sanon) e ambos se apaixonam. A partir daí, diversas peças estão dispostas. Entre luta de classes, herança afetiva, briga de gangues e relacionamentos amorosos improváveis, pouco ou quase nada se desenvolve por inteiro.
O problema maior do enredo não está nos entrecortes musicais. Aliás, os diversos números de dança embelezam sub-tramas e divertem tal qual produções Disney. Os constantes gags (humor transmitido, na maioria das vezes, sem uso de palavras) dos personagens também não são dispensáveis, de maneira a estruturar melhor cada personagem. Esses seriam, talvez, alvos fáceis na desconstrução negativa da obra, mas a tribulação está nas motivações pessoais e valorizações exacerbadas.
O diretor Rohit Dhawan - que comandou o musical Desi Boyz (2011) e o explosivo Dishoom (2016) -, define classes como uma questão de destino ou merecimento, ignorando a grande desigualdade financeira da Índia. Desembaralhando ainda mais as estruturas coletivas, o desprovido Valmiki possui um caráter vilanesco que adquiriu após receber salários baixos de seus superiores, ano após ano. Seu semblante é contrastado com a “benevolência” da família de Aditya, endinheirado patriarca da família que nunca pensou em recompensar melhor seus empregados. Mesmo assim, é uma figura de respeito.
O título original, “Shehzada”, significa “Príncipe” em hindi. O que faz muito sentido num contexto de meritocracia e supervalorização da riqueza. Sem a desenvoltura de Kartik Aaryan, com suas técnicas de comédia, bailado e artes marciais, a jornada seria ainda mais tortuosa. De maneira geral, um mergulho em projetos como Roubo pelos Ares (2023) pode ser mais agradável.
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Muito bonitos os dois filmes, o antigo e o mais recente, voltei a assistir o antigo para comparar…..gostei dos dois. Personagens com muita empatia, bonito enredo, os diretores estão de parabéns….