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Sinopse

Peter Parker tenta manter a promessa que fez ao pai de Gwen Stacey, de que a protegeria sem chegar perto dela. Mas o herói está apaixonado, e não consegue se afastar. Ao mesmo tempo, vários inimigos tomam conta da cidade, e a formatura da escola se aproxima. Neste contexto, surge um novo vilão, o poderoso Electro, para desafiar as habilidades do Homem-Aranha. Mas o amigo da vizinhança poderá contar com a ajuda do velho amigo Harry Osborn, que o ajudará a descobrir novos segredos sobre o seu passado.

Crítica

Quando O Espetacular Homem-Aranha (2012) foi lançado, opiniões se dividiram. Muitos acharam prematuro o reebot do herói da Marvel nas telonas, ao mesmo tempo em que outros conseguiram deixar de lado a trilogia original e se divertir com a repaginação mais bem humorada do aracnídeo. Não foi unânime, mas o resultado estava acima da média. Uma pena que em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro o nível tenha decaído, ainda que não a extremos. Apenas faltou a velha lição do “menos é mais” para garantir um longa-metragem em sua total eficiência e com menos questões que invalidam seu potencial.

O filme começa com a resposta da pergunta “o que aconteceu com os pais do Homem-Aranha?” em uma bela sequência de ação inicial de tirar o fôlego. Logo em seguida, o longa pula para a formatura de Peter Parker (Andrew Garfield), o alterego do herói, e Gwen Stacy (Emma Stone), seu grande amor. Em meio ao ataque de um criminoso russo (Paul Gimatti), o aracnídeo salva a vida de Max Dillon (Jamie Foxx), um engenheiro da Oscorp que não tem amigos e acaba fixado pela idéia do Aranha preencher este papel. Isto até sofrer um acidente na corporação e se tornar o Electro. O melhor amigo de infância de Peter, Harry Osborn (Dane DeHaan), volta do internato para os últimos dias de seu pai, Norman (Chris Cooper), que está com uma doença em estado terminal, e retoma os laços com Parker. Em meio a isso tudo, Peter precisa decidir se continua com Gwen (mesmo após a promessa que fez a seu pai de ficar longe da garota), tem que enfrentar os novos vilões que surgem e ainda lidar com o estresse da Tia May (Sally Field), ainda sofrendo com a perda do Tio Ben (Martin Sheen), e com o segredo sobre seus pais.

O grande problema de O Espetacular Homem-Aranha 2 é querer inserir histórias demais em apenas um único filme, algo que afundou Homem-Aranha 3 (2007), mas que aqui não chega a tanto. Ainda assim, atrapalha um pouco, mesmo com o primeiro ato tão bem desenvolvido e focado no surgimento de Electro e na relação de Peter e Gwen. Porém, as coisas começam a sair fora de controle no roteiro do final do segundo ato em diante, quando situações de extrema urgência acontecem e chegam a um anticlímax. A derradeira batalha com o vilão do subtítulo brasileiro do longa chega a ser vergonhosa por chegar a uma solução fácil, mesmo que a verdadeira e dramática batalha – esta sim, de deixar qualquer fã dos quadrinhos de queixo caído e lágrimas nos olhos – venha logo em seguida. Porém, o final apressado, com a inserção de vários elementos, acaba por diminuir seu impacto.

Também atrapalha a falta de aproveitamento de atores do nível de Paul Giamatti e Chris Cooper em papéis que mereciam mais importância, ainda mais o do segundo, que interpreta o arqui-inimigo de Peter, mas aqui vira um coadjuvante que apenas serve como escada para o desenvolvimento da história. Mais uma vez o Clarim Diário é deixado de lado (citado pouquíssimas vezes e nunca aparecendo), assim como faz falta o rabugento J. Jonah Jameson, o editor-chefe do jornal que tanto critica o herói e serve como contraponto ao mesmo. Electro também. Jamie Foxx faz um belo trabalho com a personalidade quase esquizofrênica de seu alter ego, mas, assim que o vilão surge de verdade, é deixado de lado por um bom tempo na tela.

Por outro lado, a maior parte das cenas de ação estão incríveis, da sequência inicial à primeira batalha contra Electro na Times Square até o final explosivo, sem falar no humor com que o Aranha lida com as situações, marca indissociável nos quadrinhos e que esteve em falta na trilogia comandada por Sam Raimi na primeira década dos anos 2000. Não faltam piadinhas na ponta da língua de Parker. E das boas. Ao mesmo tempo, também é dado maior espaço para Sally Field mostrar seu talento como a intérprete definitiva da Tia May, mostrando tudo aquilo que a personagem sempre apresentou nas HQs: um lado amoroso e afetivo forte, mas nem por isso menos intensa em outras áreas, do seu trabalho dobrado para manter a casa ou nas duras que dá em Peter quando ambos estão em casa.

Acima de tudo, o diretor Marc Webb aposta no que sabe fazer de melhor: dirigir atores e os relacionamentos de seus personagens. E com o cabeça-de-teia e Gwen beira à perfeição. A química da dupla é mais do que intensa. Nunca um casal de personagens das HQs esteve tão conectado nas telas quanto os dois­. Eles se entendem nos olhares, nas conversas, nas pequenas implicâncias um com o outro e, é claro, não conseguem se desgrudar, mesmo com tantos obstáculos pelo caminho. Um show de atuação de Garfield e Stone, o casal que ninguém consegue imaginar longe um do outro. Por sinal, Gwen tem uma importância muito maior do que já tinha no longa anterior – onde já estava em alta.

No meio deste carnaval de situações que se apresentam para o Homem-Aranha, ainda há espaço para os fãs dos quadrinhos ficarem intrigados com a personagem de Felicity Jones, alguém que pode crescer no terceiro filme e causar reações ovacionadas da plateia. São muitas pistas deixadas para o próximo longa estrelado pelo cabeça-de-teia. O Espetacular Homem-Aranha 2 pode ser irregular sob diversos aspectos, mas mantém seu propósito de entreter. E diversão é tudo que o público espera de um filme estrelado pelo herói da vizinhança.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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