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Sinopse
Tati confidencia ao seu diário que ficou de recuperação e bolou um plano para esconder isso da mãe. No mesmo verão, ela conheceu a nova namorada de seu pai, sofreu por amor e vivenciou um bando de confusões.
Crítica
Quem trabalha com crítica cinematográfica consegue identificar de longe alguns sinais que indicam a – falta de – qualidade de determinado filme. Quando a distribuidora não faz questão de exibir um lançamento previamente para a imprensa – para que essa possa avaliá-lo e criticá-lo na mídia no dia da estreia – é um deles. Outro, ainda mais preocupante, é quando uma obra, mesmo após de finalizada, leva anos para chegar, de fato, às telas. Pois com O Diário de Tati aconteceu as duas coisas. Lançado às pressas nos cinemas de todo o país, após ficar por anos na “geladeira”, apenas para aproveitar o sucesso de Heloísa Périssé como protagonista de novela global, o longa não funciona como veículo para a atriz e muito menos como produto diferenciado para um público específico – infantil, adolescente, ou sei lá. Trata-se de algo sem identidade, em que praticamente nada se salva.
Criada por Périssé em 1994, Tati era uma das alunas da extinta Escolinha do Professor Raimundo. Foi resgatada pela primeira vez em 2002, como um quadro do Fantástico. E novamente serviu de mote para uma versão cinematográfica realizada em 2006. Pois é este filme que, agora, encontramos nas telas de cinema. Como se pode imaginar, tudo soa datado, desde a direção de arte – celulares pesados e computadores com monitores de tubo – até as gírias usadas pelos personagens. A própria Heloísa, com mais de 40 anos, querendo bancar a garotinha de 15, é tão anacrônica que soa engraçado. Pena que o foco da comédia seja outro.
Tati é a filha do meio do casal interpretado por Louise Cardoso e Marcos Caruso. Os dois já estão separados, e os filhos moram com a mãe. O irmão mais velho (Pedro Neschling) toca numa banda e tem como melhor amigo um rapaz inteligente (Marcelo Adnet), que acaba funcionando como professor particular de matemática da garota, que ficou em recuperação no final do ano. Ao mesmo tempo em que este começa a se demonstrar interessado na garota, a cabeça dela está no galã da escola (Thiago Rodrigues), além de discussões com as amigas, estresses em família, a nova namorada do pai e o que irá fazer nas férias. Nada muito relevante, mas que consegue ocupar o tempo da trama por cerca de 90 minutos.
O Diário de Tati tem direção de Mauro Farias, que estreou bem, ganhando o kikito de Melhor Filme no Festival de Gramado por Não quero falar sobre isso agora (1991). Desde então o filho mais velho do Reginaldo Faria encontrou na televisão seu nicho, desenvolvendo séries como Sob Nova Direção (2004-2007), Faça sua História (2008) e Aline (2009). Este projeto atual marca seu retorno à tela grande, mas esse tempo afastado revela mais do que inexperiência no gênero. Mostra, ainda, uma total falta de habilidade em conseguir se comunicar. Este filme falha em encontrar um espectador minimamente interessado no que quer que tenha a dizer, fazendo piadas velhas num formato quadrado, preocupado naquilo que talvez o jovem se interessasse, mas de acordo com um ponto de vista adulto e distanciado.
Se Heloísa Périssé exige demais da audiência – afinal, não estamos no teatro ou no registro exagerado de um programa cômico de televisão, e sim num tipo de cinema dito realista – O Diário de Tati termina por forçar qualquer barra mais pesada. O mistério sobre qual dos pretendentes a protagonista irá escolher não dura mais do que cinco minutos, e qualquer trama paralela é tão ineficaz que não consegue se sustentar por conta própria. Dessa forma, o que temos é o retrato de um produto em que qualquer pretensão artística é ignorada e que tem pensamento apenas no mercado, mas que esquece do principal: o consumidor final.
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