Crítica


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Sinopse

Crítica

Como apropriadamente aponta o pôster original de O Corredor Noturno, “toda ambição tem seu preço”. A frase pode não ser tão original, mas, felizmente, o longa-metragem assinado por Geraldo Herrero, com roteiro de Nicolás Saad, consegue ser um divertimento acima da média. Paranoia, segredos, crimes e uma arma fumegante. Praticamente todos os elementos para um bom thriller se encontram neste título argentino estrelado por Leonardo Sbaraglia e Miguél Angél Solá. Com clima hitchcokiano e reviravoltas que podem surpreender o espectador, o filme captura a atenção tão logo a história começa a desenrolar. E não demora nada para isso acontecer.

Na trama, Eduardo (Sbaraglia) é o ambicioso funcionário de uma empresa de seguros que espera o momento para uma boa promoção. De volta da viagem de negócios da Itália, encontra fortuitamente um conhecido, o misterioso Raimundo Conti (Solá), sujeito que parece muito interessado na vida do “novo amigo”. Tanto que começa a persegui-lo, a fazer vídeos dos filhos pequenos de Eduardo, a incomodar a esposa do rapaz no trabalho. Eduardo se desespera com esse comportamento, chegando ao cúmulo de pedir para um antigo conhecido, ex-policial, que vigie o sujeito misterioso. O que levaria o homem a segui-lo daquela forma? Com o desenrolar da história, descobrimos que alguns esqueletos muito bem escondidos no armário podem ser a solução desse caso intrincado.

Sbaraglia tem uma tarefa difícil neste filme, pois precisa ser uma pessoa por quem o espectador torça, mesmo não sendo simpático ou afável. Existe um lado sombrio muito aguçado em sua personalidade e o clima de paranoia construído no decorrer do filme apenas o aflora. Com um ator menos talentoso, estaríamos presos a um sujeito detestável pelos 100 minutos da história. Mas aqui não é o caso. Sbaraglia consegue nos cativar e fazer com que nos importemos com sua trajetória. Embora seja um homem difícil, ele possui qualidades redentoras – mostradas aos seus filhos e, um tanto, para sua mulher, Clara (Erica Rivas).

Além de Sbaraglia, o óbvio destaque do elenco é Miguél Angél Solá. Vivendo uma figura enigmática, o ator argentino é praticamente uma sombra para o protagonista. Se movimentando de maneira quase sobrenatural, Conti é o mal encarnado, como se o diabo em pessoa estivesse ao lado de Eduardo o tempo todo. Ameaçador, mas nunca perdendo a pose, o distinto homem é o pior pesadelo da vida daquele jovem ambicioso. Por sua atuação, Solá foi indicado ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante pela Associação de Críticos da Argentina. Erica Rivas, embora tenha menos tempo em tela, também tem desempenho destacado como a dúbia esposa de Eduardo. Estaria ela completamente às escuras quanto a conduta do marido? Aparentemente não.

Construindo um bom clima de suspense, O Corredor Noturno é um ótimo filme de gênero, que conta com um elenco destacável e boas reviravoltas. É verdade que alguns twists não fazem muito sentido e parecem ser construídos apenas para surpreender o espectador menos atento. Provável que a versão literária original, assinada por Hugo Burel, consiga de forma mais competente nos colocar dentro da mente de Eduardo. De qualquer maneira, o longa-metragem argentino não deixa de ser um belo passatempo, ainda mais para entusiastas de thrillers.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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