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Sinopse

O avarento Ebenezer Scrooge recebe uma visita inesperada na véspera de Natal. Um espírito avisa que ele enfrentará consequências pós-morte se continuar sendo intragável. A ele, então, é dada a chance de mudar de vida.  

Crítica

Esta empreitada dos Muppets no cinema os insere na história de Ebenezer Scrooge (Michael Caine), de Um Conto de Natal, famoso livro de Charles Dickens. Dividido entre a fidelidade à obra original e o típico humor metalinguístico dos fantoches, O Conto de Natal dos Muppets (1992) acaba perdendo força justo por oscilar incomodamente entre uma e outra opção narrativa, muito embora as figuras multicoloridas continuem a encantar através da maravilhosa técnica pela qual ganham vida, além da própria trama concebida por Dickens ser sempre tocante.

“É cultura”, diz Gonzo (Dave Goelz), tentando justificar mais uma adaptação do conto às telonas. E, de fato, o enredo é bem conhecido: Scrooge, um velho rico, sovina e ranzinza, não quer comemorar o natal. Nas vésperas da data, ele é assombrado por três fantasmas: o dos natais passados, o dos natais presentes, e aquele dos natais futuros. Uma experiência pela qual irá aprender valiosas lições sobre comunidade, humildade e gentileza. Desta vez, claro, sob o ponto de vista da trupe de fantoches que voltam a preencher um longa metragem com suas piadas sarcásticas e números musicais.

Porém, é lamentável que aqui quase nenhuma das canções seja boa o suficiente para ficar na memória, e que também não haja participações especiais. Aliás, uma grande decepção é notar que, fiel ao texto, o roteiro transforme Kermit (Steve Whitmire) em um personagem completamente diferente. Pode ser até compreensível, já que ele faz às vezes de uma figura concebida por Dickens, autor distinto de Frank Oz e Jim Henson – criadores do The Muppet Show em 1976 – mas a ausência de seu característico cinismo é incoerente, já que todas as demais figuras têm mescladas suas particularidades com as dos personagens literários que emulam. Por exemplo, Miss. Piggy (Frank Oz) pode até ser uma dona de casa bondosa, mas não abandona os modos irritadiços e indiferentes que fizeram sua fama.

Por outro lado, a adaptação textual de Um Conto de Natal é muito boa, pois transpõe certos trechos fala por fala. E não podemos esquecer Michael Caine, intérprete do mesquinho Scrooge, que cativa o espectador. Entretanto, mesmo que o trabalho técnico continue impecável, a personalidade de Kermit faz falta, tal qual as pontas de famosos, que costumavam preencher aqui e ali o tempo passado com esses adoráveis bonecos. E já que nem mesmo as músicas distraem tanto, é uma pena classificar este como um projeto apenas “Ok”, que não erra o bastante para ser reprovado, mas que também não acerta o suficiente para ser louvado. Diferentemente do que se pode dizer sobre os longas anteriores e das escritas de Dickens, “já esqueci” definiria bem o sentimento pós-exibição deste aqui.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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