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Sinopse

O policial John Cale tinha o sonho de entrar para a equipe do serviço secreto que protege o presidente dos Estados Unidos, mas vê sua intenção ir por água abaixo quando não é aprovado na seleção. Sem saber como dar a notícia para sua filha, ele a leva para um passeio à Casa Branca. O que John não esperava era que neste mesmo dia o local fosse atacado por um grupo paramilitar fortemente armado. Com o governo tendo que enfrentar o caos na nação e o relógio correndo, cabe a John encontrar algum jeito de salvar o presidente do ataque.

Crítica

Roland Emmerich volta a destruir a Casa Branca após 17 anos. E agora aproveita para botar abaixo o Capitólio. Porém, se em Independence Day (1996) o cineasta virou piada ao creditar a salvação do mundo única e exclusivamente às Forças Armadas dos Estados Unidos, em seu novo filme catástrofe, O Ataque, ele reveste-se de um pouco mais de realismo ao apontar as dificuldades do governo norte-americano em anular suas ameaças internas. Desta vez, o heroísmo corporativista militar fica de lado em nome da coragem sem limites da pessoa comum, materializada nas figuras do desacreditado aspirante ao serviço secreto Cale (Channing Tatum), de sua filha adolescente nerd e destemida Emily (Joey King) e do próprio presidente Sawyer (Jamie Foxx) - bom, presidente herói já havíamos visto no próprio Independence Day.

Após um ataque a bomba ao Capitólio, sede do Congresso dos EUA, a Casa Branca é invadida por um grupo paramilitar descontente com o plano presidencial de retirar as tropas norte-americanas do Oriente Médio e promover a paz na região com o apoio do Irã e dos aliados no Ocidente. Em poucos minutos, toda equipe de segurança da residência oficial é aniquilada, deixando o caminho livre para o início de um golpe de Estado e de um plano de ataque global como uso de armas nucleares americanas. Para a sorte yankee Cale, acompanhado da filha, faz uma entrevista na Casa Branca para tentar uma vaga no serviço secreto presidencial no dia do ataque. Ao lado de Emily e de Sawyer, o ex-militar acabará com os planos dos inimigos e, de quebra, salvará o mundo... Ao que parece, Emmerich apenas trocou seis por meia dúzia para contar uma história semelhante a do filme de 1996. Saem os ETs from outer space, entram os terroristas caseiros.

Apesar da megalomania estratosférica do roteiro de James Vanderbilt, autor de Zodíaco (2007) e O Espetacular Homem-Aranha (2012), e da sensação de mais do mesmo, é interessante perceber como o filme de Emmerich (leia entrevista), conhecido por sua condescendência com o establishment gringo, toca sem dó em uma ferida ainda aberta nos Estados Unidos. Roteirista e cineasta são diretos ao apontar as falhas de inteligência dos serviços de segurança norte-americanos na sondagem de seus alvos potenciais mais próximos: os próprios habitantes do país.

Assim como as investigações do 11 de Setembro e do recente atentado contra a maratona de Boston revelaram a participação de pessoas que anteriormente haviam passado pelo radar da inteligência, mas que conseguiram escapar de um pente fino mais rigoroso, O Ataque apresenta como vilões alguns dos criminosos mais procurados pelo governo, que há anos transitam tranquilamente debaixo do nariz do Tio Sam sem serem notados. Nisso, Emmerich mostra conexão com a realidade geopolítica contemporânea.

Outro ponto importante levantado pelo filme é a dificuldade das autoridades em darem uma resposta rápida e efetiva a ataques em solo americano, mais precisamente dentro das Casas do Executivo e do Legislativo. Se por um lado um homem sozinho detona uma bomba no Capitólio enquanto a equipe de segurança da Casa Branca é reduzida a pó por paramilitares, por outro os núcleos da segurança nacional, das Forcas Armadas e do FBI entram em atrito para definir quem cuidará da situação e da crise institucional que se deteriora a cada segundo. Novamente, o imbróglio lembra o atordoamento de líderes gringos na reação ao 11 de Setembro, registrado pela imprensa e em filmes como Vôo United 93 (2006). Mesmo com arestas políticas mais polidas do que o esperado, O Ataque é mais um filme de ação que colabora com a indústria do cinema faturando em cima da tragédia patriótica e mitificando o tradicional heroísmo do homem comum norte-americano. Retroalimentação garantida. Não esqueça sua pipoca.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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