Crítica


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Sinopse

Marc é um professor que coleciona aventuras amorosas com alunas. Depois  do desaparecimento de uma de suas mais brilhantes estudantes (e sua última conquista), ele encontra Anna, mulher que busca desesperadamente notícias de sua enteada.

Crítica

Uma noite com uma estudante vira de cabeça pra baixo a vida do professor universitário Marc (Mathieu Amalric). Na manhã seguinte, Barbara  (Marion Duval) é dada como desaparecida e as suspeitas recaem sobre o lecionador, que ainda se envolve com a madrasta da garota Anna (Maïwenn) quando ela aparece em busca da enteada. A premissa de O Amor é um Crime Perfeito, filme dos irmãos Jean-Marrie e Arnaud Larrieu, pode até parecer banal, mas poderia ter entregue um bom exemplar de suspense. Algo que não acontece devido aos furos do roteiro.

Por um lado, os diretores souberam como poucos no cinema atual criar um ambiente noir nos Alpes suíços, já que um crime naquela vasta paisagem vazia poderia ser cometido sem o menor problema de ser descoberto por meses. Também é interessante a dicotomia dos personagens, que parecem se transformar de um ambiente como a universidade com seus vidros transparentes para a cabana de blocos de madeira. Tudo se revela através do mal estar constante de Marc neste local, onde ele parece afundar sua personalidade enquanto se entrega à paixão por Anna.

Um dos aspectos mais interessantes da produção é seu elenco, a começar por Mathieu Amalric, visto recentemente no novo filme de Roman PolanskiA Pele de Vênus (2013), além de também ter participado do ótimo e subestimado Cosmópolis (2012) de David Cronenberg. Através de suas expressões, o ator diz mais que muitos dos diálogos escritos para seu estereotipado personagem mulherengo. Por outro lado, as talentosas Sara ForestierKarin Viard e, especialmente, Maïwenn, são subaproveitadas. A última, inclusive, parece não estar à vontade no papel da frágil madrasta, ainda mais se lembrarmos da forte presença da atriz em Polissia (2011), filme que a própria dirigiu.

Porém, além dos personagens (exceto o protagonista) serem um tanto quanto rasos – mesmo que a estranha relação quase incestuosa de Marc com a irmã, Marianne (Karin Viard) sugira um pouco mais de profundidade -, algumas escolhas na narrativa incomodam, como a sugestão física de que o protagonista é um lobo em pele de cordeiro. Ora, precisa explicitar isto mostrando um animal em sua verdadeira forma? A cereja do bolo é o final extremamente previsível. O roteiro baseado na obra de Philippe Dijan tenta arquitetar algo que Alfred Hitchcock fazia com maestria (expor os culpados logo de cara, com todas as pistas possíveis, para criar a relação de suspense do público com os personagens principais), mas quando o clímax chega, a única coisa que o público pode fazer é bocejar.

No entanto, mesmo com estas questões, O Amor é um Crime Perfeito flui e diverte como um passatempo intrigante, ainda que as peças do xadrez já sejam conhecidas. Gera expectativas demais e entrega mistérios de menos, mas os atores e a direção segura mantem o interesse na história. Pode não ser um filme acima da média, mas também está longe de ser um exemplar desprezível do gênero. Talvez funcione melhor em casa.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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