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Sinopse

Um cantor da Broadway, que agora trabalha como gerente de palco, deve salvar a noite de abertura em sua nova produção. Entre as disputas de egos do elenco e as confusões dos bastidores, ele ainda terá que se esforçar para reconquistar a garota dos seus sonhos.

Crítica

Ao olhar os créditos de Noite de Abertura, é possível que o espectador não dê bola. Tanto o diretor Isaac Rentz quanto os roteiristas Gerry De Leon e Gregory Lisi só tinham curtas-metragens em seus currículos, praticamente estreando em longas aqui. Porém, há de se vencer o preconceito com novatos. O filme se passa nos bastidores de uma produção B da Broadway quase que em tempo real, mostrando as correria e as dificuldades de se lidar com o tempo, questões técnicas, um produtor executivo insuportável e estrelas com egos inflados. Se não parece nada de novo, ao menos a temática é tratada de forma leve e garante muita diversão, especialmente pelo sarcasmo propagado pela narrativa.

O sumido Topher Grace é Nick, um fracassado artista do teatro que agora é o gerente de palco de uma nova produção chamad One Hit Wonderland. Seu astro principal é ninguém menos que J.C. Chasez, do N*SYNC, que interpreta a si mesmo numa versão potencializada e reflete muito dos atores e cantores que vemos por aí: egocêntricos preocupados com seu resquício de fama, por menor que ela seja. Além de lidar com os atrasos de seu protagonista, Nick ainda precisa mediar brigas internas, como o conflito entre os dançarinos Malcolm (Taye Diggs) e Brandy (Lesli Margherita), o produtor Mr. Goldemeyer (Rob Riggle) a toda hora no seu cangote e o principal: sua ex, Chloe (Alona Tal), é parte integrante da montagem e primeira substituta da estrela decadente Brooke (Anne Heche), que tem um ego tão ferido quanto muitas atrizes que vemos na vida real, tendo como forte referência Bette Davis e Joan Crawford. 

O longa já ganha a simpatia do espectador em seus primeiros quinze minutos. Acompanhamos Nick chegando para comandar tudo, a forma de lidar com o elenco e a equipe técnica, a intimidade em maior ou menor graucom alguns personagens e sua falta de crença de que aquilo tudo pode dar certo. Um reflexo da sua própria personalidade e o trauma com uma produção estreladapor ele que não passou da noite de abertura, tamanho o fracasso. É nesta sequência inicial que o público aprende tudo sobre o que está acontecendo, os prováveis desenlaces e, principalmente, como o protagonista tem o controle de tudo ao mesmo tempo como um alterego do próprio diretor do filme, que sabe bem onde quer chegar.

O mais legal dos clichês é que, quando bem trabalhados, eles geram um saldo positivo numa produção como esta. Portanto, se não é nenhuma novidade que a ex de Nick tenha ido para a cama com o astro da peça, são o desenvolvimento e inversão de papeis desta narrativa que chamam a atenção de quem está do lado de cá da tela. As atuações também conseguem se destacar, independente do tempo em cena. Se Grace tem a linguagem corporal travada em contraste aos seus colegas de elenco, não é à toa. Afinal, sua frustração é o fio condutor de suas decisões atrás do palco. Chasez mostra um talento além da cantoria como um astro inicialmente com o ego no teto, para depois expor suas fragilidades da forma mais cômica possível. Ainda mais com suas referências a hits do N*SYNC a cada final de fala. Não dá pra deixar de destacar Taye Diggs como o sedutor dançarino gay que pega todo mundo, além de, realmente, dar um show nos números musicais.

Por falar neles, não à toa a montagem dentro do filme (uma bela metalinguagem) se chamar One Hit Wonderland.Nos palcos ou nos bastidores, todos os números musicais são com hits únicos de bandas e cantores que não conseguiram emplacar mais nada depois."Bust a Move", "Mambo Number 5", "Ice Ice Baby" e "Total Eclipse of the Heart" são algumas destas canções, impossíveis de não seguir cantarolando depois. Mais ainda "You Get What You Give", do New Radicals, que inicia e encerra o filme como principal, e bem adequado, eixo narrativo. Com tantos bons requisitos, uma história que flui e uma crítica, ainda que superficial, à futilidade do meio artístico, Noite de Abertura é uma bela estreia para seus diretores e roteiristas. Fica a torcida, claro, pra que não seja apenas um hit, mas o início de vários que venham pela frente.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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