A Noite das Taras

16 ANOS 81 minutos
Direção:
Título original: A Noite das Taras
Gênero: Drama
Ano:
País de origem: Brasil

Crítica

3

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Sinopse

Três marinheiros de um navio cargueiro atracado em Santos saem a passeio pela cidade de São Paulo. Lá, conhecem garotas que realizarão seus mais íntimos sonhos.

Crítica

É impossível falar de pornochanchada sem lembrar-se de um dos mais célebres nomes do gênero no Brasil: David Cardoso. Com 80 filmes no currículo, sendo mais de 30 independentes, de sua própria produtora, a Dacar Filmes, ele foi considerado um dos (senão o) maiores galãs do cinema brasileiro por tempos. Sua fama de garanhão tomou conta dos longas-metragens no quais atuou. Não poderia ser diferente neste A Noite das Taras, em que ele conduz uma das três histórias que compõem a produção, sendo também um dos financiadores.

No primeiro episódio, A Carta de Érico, Arlindo Barreto, muito antes de virar o palhaço Bozo, é um marinheiro que, recém-chegado a São Paulo, precisa entregar uma carta. A destinatária é uma mulher (Patrícia Scalvi) que mora num amplo e rico apartamento, abandonada e viciada em drogas. A trama dirigida pelo chinês John Doo não é muito mais que um jogo de sedução entre os dois, garantindo mais cenas da atriz nua do que qualquer outra coisa. Um leve aquecimento inofensivo.

Já o segundo e divertido conto, Peixe Fora d’Água, é dirigido pelo próprio David Cardoso. Aqui, uma quadrilha liderada por uma ninfomaníaca (Matilde Mastrangi) faz com que um marinheiro recém-desembarcado cometa um crime. O destaque vai mesmo para Mastrangi na sua personificação de femme fatale e o clima misto de cinema noir com humor negro que permeia a trama. Na última parte, Julio e o Paraíso, dirigida por Ody Fraga, o escracho total da história faz com que ela seja a melhor. A sinopse já promete: garotas seduzem um marinheiro para roubar o dinheiro dele e ter o que comer. É claro que elas vão enfeitiçá-lo, fazer (muito) sexo e outras coisas para conseguir o objetivo. Vão até além, por sinal.

Ainda que possa parecer misógino em sua essência, o filme dividido em três longos curtas mostra mulheres poderosas que ditam as regras, deixando os pobres marinheiros à deriva em sua ignorância. Não é necessariamente uma ode ao girl power, mas, analisando friamente, parece bem menos machista que aparenta. O fato de ter sido separado e montado em três partes que vão aumentando, não apenas de intensidade, mas também de qualidade, é outro feito da produção, visto que, ainda hoje, tem muito filme episódico que não consegue manter uma regularidade em suas histórias. Um clássico da Boca do Lixo? Talvez. Antes de qualquer coisa, um bom entretenimento.

Matheus Bonez

é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.

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