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Sinopse

Dean e Cindy tentam salvar um casamento que parece à beira do naufrágio. Eles buscam no passado as partes boas dessa relação atualmente despedaçada. Ambos se encontram e se perdem no amor.

Crítica

Namorados para Sempre ousa contar a história de um casal pelas duas pontas: a do início do relacionamento e a do final. O diretor Derek Cianfrance conta com uma dupla inspirada de atores para dar vida aos personagens da trama, mas algo entre forma e conteúdo se perde no meio do processo. Embora a produção seja interessante em diversos aspectos, fica aquele sentimento de já termos visto a mesma história anteriormente. Mas com outra embalagem.

O roteiro foi escrito por Cianfrance ao lado de Joey Curtis e da estreante Cami Delavigne – mas é importante notar que o diretor deixou seus atores à vontade para improvisar. Depois de um bom tempo juntos, Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) não se conectam mais como antes. Ele, uma espécie de artista incompreendido, destina seu tempo para a casa e a filha, Frankie (a estreante mirim Faith Wladyka). Ela, com desejos de se tornar médica, trabalha como enfermeira e não suporta a cumplicidade entre Frankie e o marido. Dean percebe que está cada vez mais distante da esposa e resolve passar uma noite com ela em um motel, tentando reacender a chama. Enquanto observamos os acontecimentos daquela noite, somos enviados para o passado para testemunhar o primeiro encontro entre o casal e a gênese do romance.

O longa-metragem escora-se totalmente na performance excepcional do casal principal. Michelle Williams e Ryan Gosling passaram um mês juntos, conhecendo um ao outro para dar maior liga na tela. E é interessante notar que, ao vermos os dois em cena, temos a impressão de estarmos testemunhando um relacionamento verdadeiro ruindo. A forma como os dois interagem – falando ao mesmo tempo, tentando gritar mais alto que o outro ou apenas deixando o outro ganhar o argumento momentaneamente – é incrivelmente verossímil e Cianfrance utiliza deste pseudorealismo para contar melhor sua história. Guardadas as devidas proporções, o estilo do cineasta lembra Jonathan Demme. O diretor de Filadélfia (1993) e O Casamento de Rachel (2008) adora criar uma atmosfera corriqueira para passar sua mensagem.

Em Namorados para Sempre (título em português que nada tem a ver com o filme), Cianfrance coloca luz nos dois extremos dos relacionamentos. Na leveza do início e na rudeza do desfecho. Para pontuar melhor os dois momentos, o cineasta utiliza duas câmeras diferentes, facilmente perceptíveis pela fotografia. No presente, com a paleta de cores pendendo para o azul, frio, o cineasta usa uma câmera digital de última geração (a Red). No passado, com tons mais quentes e aconchegantes, Cianfrance usa uma super 16mm. Não é preciso ser um expert em câmeras para entender a diferença. Ela é visível na tela. Além de ajudar a contar a história, dando mais agudeza ao presente e uma quase nostalgia ao passado, a captura de imagens com equipamentos diferentes facilita ao espectador acompanhar a trama – com a maquiagem fazendo um trabalho igualmente hábil em distinguir cada momento da história.

Se a forma como se desenrola a trama é tão interessante e os atores estão ótimos no papel, porque Namorados para Sempre deixa um gosto amargo no final? Não é a mensagem – que mesmo triste, é uma verdade para muitos casais. Com o tempo, alguns relacionamentos simplesmente implodem, com cada um fazendo de tudo para preservar o seu lado e não colaborando com a vida em casal. O problema está na fragilidade da trama. Garoto encontra garota é mais velho que andar para trás. Mude um pouco aqui, mexa um pouco ali e pode parecer uma história nova. Mas é pouco para um trabalho que se propunha um mergulho em um relacionamento em ruínas.

Pelo fato de Michelle Williams conseguir pontuar muito bem os dois momentos do personagem – chamando atenção pela amargura do presente – com uma performance indicada ao Oscar. Por Ryan Gosling estar incrível como o inconsequente marido, que não consegue enxergar o quanto tem deixado sua mulher triste com suas atitudes. E, por fim, pela forma diferente de contar a história, Namorados para Sempre consegue chamar a atenção. Pode não ser uma produção memorável, mas seus bons momentos seguram a onda até seu desfecho.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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