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Sinopse

O astro do susto, Sulley, e seu falante assistente, Mike, trabalham na Monstros S.A., a maior fábrica de processamento de gritos da cidade de Monstrópolis. A principal fonte de energia do mundo dos monstros provêm da coleta dos gritos das crianças humanas. Os monstros acreditam que as crianças são tóxicas, e entram em pânico quando uma menininha invade seu mundo.

Crítica

Quando se é criança, os pais adoram contar aos seus filhos histórias horripilantes que deixam os pequenos à flor da pele na hora de dormir. Sozinhos, no escuro, meninos e meninas imaginam todo tipo de monstro, bruxa, vampiro, enfim, qualquer coisa apavorante que lhes tire o sono. Porém, e se os monstros é que, na verdade, tivessem realmente medo dos humanos (especialmente dos mirins)? Pois com esse pequeno argumento a Disney, em parceria com os estúdios da Pixar, entregaram um dos seus filmes mais fascinantes e divertidos com o lançamento, em 2001, de Monstros S.A., que em 2013 retornou às telas em formato 3D, antecedendo a sequência a ser lançada com alguns meses de diferença, Universidade Monstros.

É em Monstrópolis que conhecemos os mais do que carismáticos protagonistas da animação. Sullivan e Wazowski (respectivamente dublados de forma incontestável por John Goodman e Billy Cristal) são dois dos milhares de funcionários da empresa Monstros S.A., que gera energia para a cidade através de gritos humanos. Com uma passagem entre o universo dos monstros e dos homens feita através de uma porta que abre nos armários das crianças, eles arrancam a energia com os sustos da pirralhada. Sullivan, por sinal, é o mais famoso de todos da região por ser o campeão de berros conquistados. A única ameaça para este mundo, além de uma grande crise energética, é o toque dos pequenos. Segundo as lendas da metrópole, pode até causar a morte de um monstro. Imagine então o problema que acontece a partir da visita inesperada da divertida Boo, que invade Monstrópolis após um erro técnico.

Além de uma animação tecnicamente divertida e colorida que salta aos olhos de qualquer criança ou adulto, a história tem em Boo uma forte presença. Afinal, qual criança, por mais amedrontada que estivesse, não gostaria de conhecer um mundo cheio de monstros. Ainda mais quando todos eles tem medo de entrar em contato com os pequenos. É através do olhar e das poucas falas dela (o hilário “boo” que ela solta a cada segundo) que adentramos em Monstrópolis com a curiosidade legítima de uma garota de três anos de idade, revirando tudo que pode à sua volta. É através dela também que o público acaba simpatizando com estes monstros medrosos que, além de tudo, tem corações de manteiga e se derretem a qualquer menção de choro da pequena protagonista.

Muito mais do que aliar um excelente roteiro a estes personagens apaixonantes, Monstros S.A. foi também um marco para a Disney na época, especialmente pelo lançamento no mesmo ano em que o estúdio comemorava seu centenário. Além disso, a empresa já havia amargado, também em 2001, o fracasso da animação Atlantis e, principalmente, do péssimo Pearl Harbor, que causou um rombo nos cofres de Mickey, Donald e cia. Por sorte e qualidade, os carismáticos Sullivan, Wazowski e Boo conseguiram arrecadar quase 290 milhões de dólares só nos EUA, sem contar os 130 milhões no resto do mundo. O filme também foi indicado ao primeiro Oscar de Melhor Animação da história da premiação, mas acabou perdendo para o sarcasmo do ogro Shrek (2001).

Com uma continuação a caminho, nada melhor do que conferir novamente esta perfeita animação, ainda mais agora que os monstros podem sair do armário e, literalmente, pular na plateia. Monstros S.A. é um exemplo do quão a Pixar consegue ser original e cativante na escolha de seus projetos e ainda animar o público mais sisudo. Tomara que o estúdio faça jus a este filme com Universidade Monstros e não entregue outro Carros 2 (2011), que é divertido e nada mais. Sullivan, Wazowski e o público merecem.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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