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Sinopse

Annie vai ser madrinha do casamento de Lillian. Mesmo cheia de problemas, ela decide se dedicar de corpo e alma à tarefa. Logo, conhece Helen, mulher bela e rica que deseja ser a melhor amiga de Lillian. Ambas começam a disputar o posto de figura central nos bastidores do casamento.

Crítica

Existem filmes que se tornam verdadeiros fenômenos de público e de crítica, a despeito de suas poucas qualidades. Quando isso acontece, é preciso dar um passo atrás e tentar entender os porquês que estão por trás destas situações extraordinárias. Neste ano, em Hollywood, dois longas se destacaram neste contexto: o drama lacrimoso Histórias Cruzadas (2011) e essa comédia besteirol Missão Madrinha de Casamento. Esse último, então, é ainda mais surpreendente, pois não apresenta absolutamente nada de novo, nem no campo de talentos individuais – nenhuma das integrantes do elenco principal pode ser apontada propriamente como uma novata, pois todas possuem longa carreira no cinema e na televisão – e nem no argumento, uma vez que trabalha com argumentos e piadas muitas vezes já vistas antes. Seria pelo conjunto, pelo formato ou simplesmente pela coragem de colocarem mulheres protagonizando tamanha bobagem? A aposta está nesta última opção.

Annie (Kristen Wiig) é a melhor amiga de Lillian (Maya Rudolph). Quando essa anuncia que vai casar com o namorado de anos, a outra entra em choque: ao mesmo tempo em que está feliz pela novidade, entra em conflito com sua própria realidade, por já ter passado dos 30 anos e continuar solteira, sem emprego fixo e morando ou com amigos, ou com a mãe. Tudo piora durante os preparativos do casamento ao lado das outras damas de honra, entre elas a tresloucada Megan (Melissa McCarthy) e a invejosa Helen (Rose Byrne).

Missão Madrinha de Casamento é um projeto pessoal de Kristen Wiig, que além de ser a protagonista também é co-autora do roteiro. Foi ela também que escolheu o diretor Paul Feig, veterano de seriados como 30 Rock (2007) e Parks and Recreation (2009), entre outras. E é essa linguagem televisiva, com humor ácido e ousado, porém muito melhor adaptado para o público dos canais fechados, que encontramos por aqui. Tendo custado apenas US$ 32,5 milhões, arrecadou quase US$ 300 milhões em todo mundo, sendo mais da metade deste valor somente nos Estados Unidos. Como se pode imaginar de antemão, em breve teremos uma continuação, mesmo sem nada de novo que mereça ser dito. Mas se isso não as impediu na primeira vez, porque seria diferente agora?

Indicado ao Globo de Ouro como Melhor Filme e Melhor Atriz (Wiig), ambas nas categorias de Comédia ou Musical, Missão Madrinha de Casamento chama atenção também pela performance de McCarthy, que está gerando comentários inclusive de uma possível indicação ao Oscar como Coadjuvante. Tudo um tremendo exagero que não se justifica em um único momento em cena. Grosseiro e de muito mal gosto, com um texto apelativo e sem um pingo de inteligência em seu humor, este é o tipo de filme que há anos vem sendo feito com homens à frente do elenco. Ou seja, a única diferença neste caso é termos mulheres como protagonistas. Muitos apontam esse fato como um avanço. Particularmente, considero um retrocesso dispensável.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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