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Sinopse

Num casamento que já dura mais de 20 anos, Jules e Nic têm dois filhos adolescentes concebidos por meio de inseminação artificial. Sem o consentimento de suas mães, os jovens decidem correr atrás do seu pai biológico.

Crítica

O orçamento foi baixo, apenas U$ 4 milhões. O tempo de filmagem foi curto, só 23 dias. É impressionante, portanto, o que a cineasta Lisa Cholodenko conseguiu realizar diante de tantas limitações para construir seu novo trabalho, Minhas Mães e Meu Pai. Contando com um elenco estelar e muito bem escalado, Cholodenko parte de uma experiência própria para contar uma história que, antes de tudo, fala sobre amor, companheirismo e família. Com roteiro assinado pela cineasta junto de Stuart Blumberg, Minhas Mães e Meu Pai conta a história do casal Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) e seus filhos Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). Gerados por uma inseminação artificial do mesmo doador de esperma, Laser sempre teve curiosidade de saber quem foi seu pai. Quando Joni completa 18 anos, o garoto pede a sua irmã que descubra a identidade do doador. É assim que os dois conhecem Paul (Mark Ruffalo), dono de um restaurante natureba que fica bastante feliz em conhecer seus desconhecidos rebentos. A aproximação de Paul naquela família, no entanto, gerará problemas dentro do casal, Nic e Jules, que não estava passando por bons momentos em seu relacionamento.

O tema ainda pode ser espinhoso para muitos (mas não deveria). As protagonistas são homossexuais e geraram dois filhos através da inseminação artificial. Lisa Cholodenko parte de uma experiência própria, já que é homossexual e também gerou um filho através deste expediente. Talvez por isso, Minhas Mães e Meu Pai toca a temática com bastante naturalidade. Os problemas pelos quais o casal passa são idênticos a qualquer outro – como o espectador já deveria imaginar. Portanto, é muito fácil compreender as motivações dos personagens e suas atitudes. Ajuda o fato de o elenco ser excepcional. Julianne Moore e Annette Bening dão vida a Jules e Nic de forma bastante naturalista. Bening é a chefe da família, a figura que coloca a comida na mesa. Portanto, é mais dura com os filhos e tem um temperamento bastante forte. Moore é o lado mais relax. Tenta sempre ser a voz de consonância na casa e visa uma convivência harmoniosa com a esposa e filhos.

Este clima familiar trabalhoso, mas bastante natural, será abalado com a chegada de Paul – em mais uma boa atuação de Mark Ruffalo, que vem crescendo muito com o passar dos anos. O ator trabalha na mesma freqüência de Julianne Moore, interpretando seu personagem de forma bastante tranquila, despreocupada. Talvez por isso mesmo é que a afinidade entre Paul e Jules tenha sido tão grande. O elenco jovem é também um destaque, com a revelação de Alice no País das Maravilhas, Mia Wasikowska provando que não é uma atriz de um papel só. Josh Hutcherson – que já havia chamado a atenção desde pequeno com o tocante O ABC do Amor e deve alçar estrelato com o sucesso de Jogos Vorazes - não decepciona e consegue fazer uma ótima dobradinha com sua irmã de tela. Nas melhores cenas do filme, o elenco principal se encontra na mesa, apenas conversando temas corriqueiros. O que fica bastante claro é a forma livre que Lisa Cholodenko deixa seus atores trabalharem. Parece que a cineasta apenas largou sua câmera ligada e pediu ao elenco que improvisasse o que achassem melhor. É claro que não foi isso que aconteceu. Por incrível que pareça, é necessário muito ensaio e concentração para uma cena bastante natural dar certo. E é isso que podemos observar em boa parte de Minhas Mães e Meu Pai.

Com uma trilha sonora pinçada a dedo, incluindo músicas de David Bowie, Joni Mitchell e MGMT, o longa-metragem de Lisa Cholodenko ganha ainda mais pontos pelas acertadas escolhas musicais. É digna de destaque a edição de Jeffrey M. Werner, que mostra ter um excelente timing cômico em seus cortes. Conseguindo fazer um bom balanço entre drama e comédia, Cholodenko conquista o espectador por trazer uma história rica em personagens e situações interessantes. É possível se envolver com as figuras que conhecemos durante o filme e acreditar em seus problemas. Quando um longa-metragem consegue esse resultado com o espectador, é sinal de que o trabalho foi muito bem realizado. E é o que fica depois de se conferir o ótimo Minhas Mães e Meu Pai.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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