Crítica
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Sinopse
Bia é uma jovem de 14 anos que vive com seu pai, Edu, e tem um único amigo para apoiá-la, Bruno. Juntos, os dois jovens têm uma parceria que ultrapassa os muros da escola: a música. Sem outras amizades e se sentindo fora das panelinhas do colégio, ela se vê desestabilizada quando descobre que ganhou uma festa de debutante e terá que convidar um significativo número de pessoas para o evento.
Crítica
Há mais de uma década, chegava aos cinemas o drama latino – filmado nos Estados Unidos, porém falado em espanhol – Meus 15 Anos (2006), de Richard Glatzer e Wash Westmoreland, sobre uma garota de família humilde que se descobria grávida às vésperas de sua festa de aniversário. Como se pode imaginar pelo nome de Larissa Manoela estampado no alto do cartaz, esse nacional Meus 15 Anos tem muito pouco a ver com o homônimo estrangeiro. O tom mais leve, no entanto, não significa leviandade ou descaso. É apenas uma mudança na forma de abordar a questão da maturidade entre adolescentes cada vez mais mimados e individualistas. E o filme da diretora Caroline Okoshi Fioratti, ainda que venha com uma assumida aura televisiva – sua protagonista é uma grande estrela formada por esta mídia e o longa é produzido por uma das maiores emissoras do país – é curioso e muito bem-vinda a constatação de que consegue se sustentar pelos próprios pés, como uma obra que se não alça voos mais altos, ao menos é feita com competência e dedicação.
Bia (Larissa Manoela, confortável em sua jornada de gata borralheira) é uma menina tímida que vai bem na escola, tem poucos amigos e vive sozinha com o pai (Rafael Infante, no mesmo estilo bobo-alegre que tem caracterizado suas aparições mais recentes), após a morte da mãe. Ele é um animador, trabalha em festas infantis, praças de alimentação em shopping centers e onde mais for chamado. Num desses dias, descobre uma promoção que irá sortear uma festa de 15 anos completa, do vestido ao baile. Com a filha se aproximando dessa idade, ele decide participar para surpreendê-la. Ela, porém, já balizada por um instinto de sobrevivência, busca passar desapercebida a maior parte do tempo. E o que menos quer, na vida, é justamente uma festa na qual seja ela o centro das atenções.
Como já manda a cartilha, é óbvio que será ela a vencedora do concurso e, mesmo diante uma resistência inicial, acabará envolvida pelos preparativos do evento. Mais interessante do que a relação pai e filha, no entanto, é prestar atenção em como cada um dos seus colegas de escola irá se comportar. A melhor amiga – que na maior parte do tempo apenas aproveita a inteligência da colega nos trabalhos escolares – vai se sentir num segundo plano, deixando o ciúmes e a inveja falar mais alto. O amigo fiel – e secretamente apaixonado – também se sentirá deixado de lado, e serão suas reações diante das novidades que irão determinar a relação dos dois. Já o galã do colégio repentinamente passa a se interessar por ela, simulando uma atração quando, na verdade, tudo o que quer é convites para ele e seus amigos irem na festa.
Bia é um personagem curioso, pois mais reage do que qualquer outra coisa. Ela gosta da amiga de infância, mas será essa que decidirá se afastar. Assim como do colega sempre presente, que passará a disputar sua atenção – que, até aquele momento, estava constantemente à disposição dele – como se fosse algo conquistado, e não merecido. Já o bonitão tem seus interesses escusos, mas está longe de ser um vilão típico. Até porque é perceptível a mudança no comportamento dele a partir do momento que passa a conhecê-la melhor. Deixar os cabelos presos e usar um óculos desengonçado é pouco para compor a figura escanteada, e felizmente Manoela é capaz de ir além desses meros clichês. Com postura corporal, diálogos certeiros e atitudes que indicam mais uma segurança de si do que uma preocupação com o pensamento dos outros, ela vai além da vítima sofredora, mostrando determinação suficiente para se valer por si só, sem o auxílio dos demais. Num todo, o filme parece ser bastante óbvio, mas fica clara sua intenção de ser não mais do que um bom exemplo de autoconfiança e superação. E, ao almejar pouco, alcança mais do que o esperado.
Entre uma participação especial da cantora Anitta – ela, por si só, um bom e atual exemplo de emancipação feminina – e uma disputa sobre quem será o Príncipe Encantado da aniversariante que acaba ficando num segundo plano, Meus 15 Anos se revela uma opção acertada não apenas para seu público alvo, que encontra aqui um filme que não menospreza a inteligência do espectador e nem reduz suas ambições por reconhecer estar se dirigindo a uma audiência ainda em formação, mas também indicado a qualquer um atrás de uma história contada de forma eficiente. Não chega a ser revolucionário, mas é bem executado, alternando momentos cômicos com outros de drama controlado, e servindo tanto para o estrelato de Larissa Manoela, que se mostra segura para carregar um longa-metragem nas costas, como também para contradizer aqueles que insistem em atacar a produção nacional. Seus dilemas e conflitos podem até parecer tolos diante de olhos mais exigentes, mas quem nunca passou por situações similares? E assim, gerando identificação, parte de um microcosmo social para se posicionar de forma mais ampla, confirmando uma pertinência que vai além do mero sapatinho de cristal da Cinderela.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Cecilia Barroso | 5 |
MÉDIA | 5.7 |
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