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Sinopse

Masha é uma criança cheia de energia que vive em uma casa próxima a estação de trem na floresta. Doce e amigável com todos que ela conhece, esta menina enérgica não consegue manter-se longe de problemas.
 Urso é uma figura calorosa e companheira, que faz o seu melhor para guiar sua amiga e impedi-la de se machucar, muitas vezes terminando a vítima não intencional de suas desventuras. Embora ele goste de seu tempo sozinho, sente falta daqueles momentos em que Masha não está por perto.

Crítica

Criada pelo russo Oleg Kuzovkov em 2009, a animação Masha e o Urso é um fenômeno de popularidade no nível da inglesa Peppa Pig ou da brasileira Galinha Pintadinha. E, assim como essas, a menininha órfã e seu amigo urso não tardariam a chegar aos cinemas. O problema é a má vontade dos realizadores – e isso se aplica aos três exemplos apontados, sem ser um caso isolado de um ou outro. Afinal, em nenhum destes exemplos se tem, de fato, um longa-metragem: todos são não mais do que coletâneas de episódios curtos com os personagens, iguais aos já vistos na televisão. E a situação se torna ainda mais grave quando, ao invés de compilar uma seleção de contos inéditos (Peppa Pig: As Botas de Ouro e Outras Histórias, 2016) ou apresentar um visual diferenciado para o novo formato (Galinha Pintadinha Mini na Telona, 2016), Masha e o Urso: O Filme nada mais é do que uma reprise daquilo já visto por muitos dos seus fãs mais assíduos, apenas intercalados por apresentações forçadas e malsucedidas.

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E quem são as responsáveis por estas interferências? A apresentadora Silvia Abravanel e a atriz Maísa Silva. No entanto, se espectador acostumado com a presença de personalidades famosas em animações de sucesso espera ouvi-las como dubladoras, melhor saber de antemão que também não é o caso por aqui. Afinal, as duas aparecem na abertura de cada episódio, exatamente como devem fazer na televisão, antecipando o que está por vir com comentários pouco inspirados e participações ensaiadas. Esta versão “filme” também se anuncia como “interativa”. O que isso significa? Que após cada exibição, as duas voltam com perguntas bastante óbvias, como “qual a cor do chapéu que Masha estava usando?” ou “qual a fantasia do Urso durante a festa?”. Como se pode perceber, o público almejado é o mais infantil possível, não ultrapassando a faixa dos 5 anos de idade (quiçá chega até estes).

E isso tudo acontece porque esse Masha e o Urso: O Filme é, na falta de uma expressão com um decoro mais elevado, apenas mais um exemplo da “esperteza” de Silvio Santos, o todo-poderoso proprietário do SBT. O programa, que no Brasil é exibido em canais por assinatura como Cartoon Network, tem se revelado um fenômeno também na TV aberta através da emissora do senhor Abravanel. Para potencializar esse retorno, inventou-se esse produto, que de filme, na prática, não tem nada. Em nenhum outro país do mundo – mesmo se tratando de uma série russa, como apontado anteriormente – se encontrará Masha e o Urso: O Filme. Apenas no Brasil. E com historinhas inéditas apenas no SBT, mas já exibidas em outros canais. Triste, muito triste o que se pode fazer por alguns trocados a mais (enfim, todo mundo sabe que não são apenas ‘alguns trocados’, mas ainda assim...).

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Maísa Silva chegou a ser apontada como ‘a Shirley Temple brasileira’, sucesso em programas de auditório do Raul Gil e do próprio Silvio Santos, mas à medida que vem crescendo, tem perdido seu charme infantil. Hoje, é uma pré-adolescente de sorriso exagerado e gestos irritantes. Por outro lado, Silvia Abravanel – para quem não ligou o nome à pessoa, trata-se de uma das filhas do próprio Silvio – serve como caso evidente de nepotismo, pois talento e carisma são dois elementos que lhe faltam. Já sobre Masha e o Urso, há pouco o que se dizer. Uma menina que adora fazer confusão vive no meio da floresta, sendo criada por um urso, lobos e outros animais potencialmente perigosos. A fórmula, portanto, é inverter essa expectativa: ela é a maior ameaça, pois está sempre aprontando algo novo, bagunçando a existência de todos os seu redor. Possui algum charme, mas para isso não é necessário pagar um ingresso e ir ao cinema. Basta acessar seu smartphone e conferir na Netflix.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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