Crítica


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Sinopse

A vida e a obra de George Harrison, um dos integrantes de uma das maiores bandas de todas: The Beatles.

Crítica

Martin Scorsese não escolheu, foi escolhido para realizar o documentário George Harrison: Living in the Material World. A viúva do ex-Beatle, Olivia Harrison, ficou interessada em contar a história do seu saudoso marido após ter assistido a No Direction Home: Bob Dylan, documentário abrangente sobre o músico norte-americano. Para ela, e para qualquer pessoa que entenda o mínimo de cinema, Scorsese seria a melhor pessoa para realizar o trabalho. O resultado final pode não ter ficado tão sólido quanto No Direction Home, mas as ótimas imagens de arquivo e as boas entrevistas fazem de Living in the Material World um programa imperdível para os incontáveis fãs de George Harrison. E isso não é pouco. Dividido em duas partes e exibido pela HBO – ainda inédito em DVD/Blu-ray no Brasil – Living in the Material World faz um passado a limpo da vida e obra do seu retratado. Passando rapidamente por sua infância, mostrando o começo de sua carreira musical com os Beatles, os anos de sucesso no quarteto de Liverpool, sua paixão pela cultura indiana, sua espiritualidade, sua carreira solo, seus amores, seu apresso pela velocidade, sua aversão por pagar taxas, sua devoção ao cinema e ao humor.

Em pílulas, muito do que você precisa saber sobre George Harrison, Martin Scorsese abrange em seu documentário. Pesquisando entrevistas de arquivo, o cineasta traz o músico de volta contando sua história, comentando fatos importantes de sua vida, ajudado por amigos e parentes – estes em novas entrevistas, realizadas exclusivamente para o filme. Estes depoimentos são interessantes e mostram que a dor da perda de George ainda é muito presente em alguns de seus amigos. Dentre o grande rol de artistas que dão seu testemunho sobre o músico estão Paul McCartney, Ringo Starr, Dhani Harrison (filho de George), Eric Clapton, Astrid Kirchherr, Klaus Voormann, Terry Gillian, Eric Idle, Pattie Boyd (ex-mulher), Tom Petty, Phil Spector, Yoko Ono, Jackie Stewart. A lista é imensa.

Infelizmente, diferente de No Direction Home, Martin Scorsese não teve acesso ao seu biografado. Um filme póstumo sempre é mais complicado. Portanto, o que de melhor aquele documentário contava – Bob Dylan falando abertamente sobre assuntos que até então ouvíamos da boca de outros – é ausente em Living in the Material World. Por sorte, George sempre foi uma figura muito aberta em suas entrevistas (contrariando qualquer bobagem de o “beatle quieto” inventada na época do quarteto). Com isso, Scorsese teve como tecer seu documentário em volta de muitas das falas de Harrison já conhecidas pelos fãs do músico.

Chegamos então a outro problema de Living in the Material World. Para quem é fã dos Beatles, metade do filme não traz muitas novidades. Muito já havia sido escrutinado pela série de documentários Anthology, o que transforma a fase “beatle” deste filme um tanto repetitiva. Por outro lado, para os que não conhecem a história do quarteto, muitas informações são deixadas de lado ou mal explicadas. A passagem dos Beatles por Hamburgo é comentada sem nunca citarem o nome da cidade. Brian Epstein, o empresário dos Beatles, figura de suma importância para o grupo, só é mencionado quando morre. Quem utilizar Living in the Material World como documentário de entrada na história do músico pode ficar perdido em alguns momentos.

A segunda parte do documentário, que se atém mais a carreira e vida de George sem os Beatles, parece melhor realizada. Temos maior contato com o homem por trás do mito e Olivia Harrison é ótima em contar histórias que até então não conhecíamos. Um acerto de Scorsese é colocar Dhani Harrison a ler cartas e postais enviados pelo seu pai, ilustrando algumas passagens do documentário. Informação completamente nova e aberta por Olivia, estas cartas nos colocam em contato direto com o ex-Beatle, nos dando uma dimensão interessante sobre o que passava em sua cabeça na época. Ainda que tenha alguns pecadilhos, Living in the Material World conquistaria de qualquer forma o espectador através da música. Fora os clássicos dos Beatles que pipocam na tela, temos a presença de obras primas da carreira solo de George, como boa parte das suas canções de seu primeiro álbum solo, All Things Must Pass, e a inesquecível parceria com Bob Dylan, Tom Petty, Jeff Lynne e Roy Orbison no supergrupo Traveling Wilburys. Só por estas passagens o filme já se pagaria.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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Grade crítica

CríticoNota
Rodrigo de Oliveira
8
Ailton Monteiro
9
MÉDIA
8.5

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