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Sinopse

Po, um urso panda que se torna um habilidoso lutador de artes marciais, dessa vez junta suas forças a um novo grupo de mestre de kung-fu para enfrentar um antigo inimigo - agora ainda mais mortal.

Crítica

Kung Fu Panda (2008), agora transformado em saga (a trilogia seguiu com Kung Fu Panda 3, 2016), era, basicamente, um filme de uma piada só. É também claro que, quando essa é contada pela segunda vez, perde um pouco de sua força. Mas esse Kung Fu Panda 2 é melhor do que se poderia esperar. O que também não quer dizer muita coisa. Apenas que, com expectativas em baixa, qualquer longa que conseguisse prender a atenção por menos de duas horas com graça e boas risadas já seria sinal de lucro. E nesse ponto o resultado é positivo. Infelizmente, por outro lado, não se pode dizer o mesmo em relação às bilheterias. Mais do mesmo até pode funcionar em certos casos específicos – a turma de Se Beber, Não Case: Parte 2 (2011) que o diga! – mas é raro que um raio caia duas vezes no mesmo lugar.

A comicidade de Kung Fu Panda está toda no título: um panda, um animal notoriamente obeso e preguiçoso, que se destaca como lutador de artes marciais. Esse viés do argumento foi muito bem explorado no primeiro episódio, de 2008. Tanto que o filme arrecadou mais de US$ 600 milhões em todo o mundo – foi a sexta produção mais vista daquele ano – e recebeu uma indicação ao Oscar como Melhor Longa de Animação. Esse mesmo efeito dificilmente se repetirá dessa vez. Com um orçamento de US$ 150 milhões, faturou menos que um terço desse valor em seu fim de semana de estreia, e no final deverá apenas equilibrar as contas nos Estados Unidos. Somado aos faturamentos nos demais países, o lucro virá, mas nada tão impressionante quanto antes.

Isso sem falar na trama, que é praticamente um repeteco – ou um remake – do original. Ou seja, surge um novo vilão, e apesar da destreza e das habilidades específicas dos cinco furiosos – Tigresa, Macaco, Louva-Deus, Cobra e Garça – quem mais uma vez terá a missão de salvar a pátria será o urso gorducho. Sai de cena o tigre feroz da aventura anterior e temos agora um pavão misterioso (isso dá música?) que acredita numa profecia que afirma que sua derrocada virá das mãos daquele que combina o preto com o branco, o claro com o escuro. Um ser que saiba equilibrar elementos opostos numa curiosa e inesperada harmonia. Ou seja, nosso protagonista.

Soma-se a isso uma nova questão: como o pai do panda é um pato, onde estará sua verdadeira família? Essa piada do adotado que não tem noção de quem é já foi utilizada diversas vezes – como em O Panaca (1979), com Steve Martin, ou em Eu, Eu Mesmo e Irene (2000), com Jim Carrey – e ganha aqui sua versão animada e oriental. Não que faça diferença. A busca pelas origens pode servir como artifício dramático, mas enquanto diversão funciona apenas como deixa para o terceiro segmento, numa conclusão em aberto que deixa evidente a necessidade de uma nova continuação.

Como a versão exibida para a imprensa nacional contava com a dublagem brasileira do Lúcio Mauro Filho (sem maiores comentários quanto a isso), fica complicado opinar sobre o impressionante elenco internacional de vozes originais. Mas aposta-se que os mais velhos certamente encontrarão novos motivos de proveito ao conferirem o que Jack Black, Angelina Jolie, Dustin Hoffman e até astros como Jackie Chan e Jean-Claude Van Damme podem oferecer a essas divertidas criações. Quanto aos pequenos, o importante é relaxar. O segredo, como um todo, é não esperar demais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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