Crítica


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Sinopse

O sul-africano Jacob está em busca de vingança pelo assassinato de sua irmã. Para isso, terá de se infiltrar em uma rede de crimes da cidade de Los Angeles.

Crítica

Filmes de investigação na periferia de Los Angeles, a essa altura, já são tão numerosos quanto obras sobre o holocausto. E, da mesma forma, por mais competentes que sejam, alguns simplesmente não conseguem se destacar, dada a quantidade de longas memoráveis já produzidos sobre o assunto. A exemplo do recente Os Meninos que Enganavam Nazistas (2017), exemplares como este King: Uma História de Vingança, acabam sendo apenas mais um; e mesmo envolventes e realizados com apuro técnico, são redundantes quando inseridos em um todo. Talvez um novo cinéfilo que, sei lá porquê, comece seu repertório por esses títulos, consiga se distrair um pouco. Porém, a maior parte dos espectadores provavelmente irá esquecê de prontidão.

O projeto em questão é tão genérico que se encaixa também naquele subgênero dos filmes de vingança, em que um cara soturno e de bom coração tenta vingar a morte de um ente querido. O que normalmente o coloca no encalço impossível da máfia, do cartel, de uma gangue, ou seja lá o equivalente disso. Aqui, o personagem-título, vivido por Chadwick Boseman, quer descobrir o paradeiro da irmã. Quando encontra seu corpo no necrotério com marcas de uma violenta tortura, sai em busca dos responsáveis. Entretanto, esse grande lugar comum funciona apenas na medida do possível.

Quando descobrimos que o líder da quadrilha se chama apenas O Duque, a única surpresa é perceber que os outros não se chamam Capangas 1, 2, 3, etc.. Esse trabalho preguiçoso do roteiro merecia um: “não fez mais do que a sua obrigação”, e quase arruína o trabalho dedicado (não vou dizer excelente) da fotografia, da direção e da trilha, que conseguem construir alguns momentos com cuidado. Apesar disso, nenhum deles provoca mais do que certa expectativa – tensão jamais, pois o desenrolar da trama é batido demais pra que temamos algo inesperado. E isso também devido à escalação de Boseman, que torna-se o principal acerto do longa-metragem, já que o ator equilibra austeridade e carisma de forma curiosa, soando ameaçador sem deixar de inspirar simpatia. Se o filme ganha algum sopro de identidade, é graças a ele.

Por outro lado, Luke Evans está no piloto automático da canastrice, enquanto Alfred Molina parece ansioso pra sair de cena, gritando seu caminho até o desfecho do longa – algo que tenta tornar sua marca pessoal como Mike, um dos vilões, mas que termina soando apenas como falta de vontade de estar em cena. Já Teresa Palmer está entregue a uma figura ingrata, que chega a se abrir de forma embaraçosa num monólogo profundo com um homem estranho, numa clara desculpa do roteiro para “aprofundá-la”. E de novo, se detestamos ou torcemos por esses personagens, é mais pela relação que o protagonista estabelece com eles, do que pelo desenvolvimento individual de cada um – que é nulo.

E falando em aprofundamento, é de forma trôpega que a última cena do filme tenta conferir a King uma nova camada de leitura que. Sejamos honestos, àquela altura não faz mais diferença pra nossa relação com o personagem. Não surpreende, não nos faz repensar sua trajetória e muito menos acrescenta à conclusão da trama – faz, entretanto, levantar uma sobrancelha. O filme como um todo consegue o mesmo feito, aliás, pois King: Uma História de Vingança pode ser genérico, mais do mesmo, mas não ruim. Funciona enquanto dura, o problema é que some da memória tão logo chega ao fim.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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