Crítica


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Sinopse

As manifestações que tomaram conta das ruas em diversas cidades do Brasil em junho de 2013. Tudo começou em São Paulo, quando a população organizou uma passeata contra o aumento das tarifas do transporte público. As reivindicações aumentaram, havendo protestos contra a corrupção, falta de serviços públicos e gastos excessivos com a Copa do Mundo. O movimento evoluiu e ganhou dimensão nacional, a ponto de levar mais de um milhão de pessoas às ruas.

Crítica

Durante junho de 2013, protestos de várias cidades brasileiras tomaram conta do espaço da vida de milhões de brasileiros, da mídia em todo o território e cutucaram o status quo da política no país. As manifestações, que começaram pelo aumento das passagens de ônibus, trem e metrô em diversos municípios e depois teve outras ideias difundidas, mexeram com a cabeça de quem sentiu na própria pele um certo abuso por parte dos poderes aliados das empresas prestadores dos serviços e dos governos em diversos, do municipal ao federal. E o grito de “vem pra rua, vem!” ecoou intensamente naquele mês. É esta história de uma quase revolução nacional que o documentário Junho: O Mês que Abalou o Brasil.

Realizado pelo diretor da TV Folha (responsável pela produção do filme), João Wainer, o documentário conta, de forma cronológica, como foram os dias de protesto a partir de imagens documentadas das manifestações e também dos depoimentos de representantes dos movimentos atuantes (como o Movimento Passe Livre e o Ninja), comandantes da PM, sociólogos, historiadores, filósofos, psicanalistas e jornalistas que participaram da cobertura (incluindo Giuliana Vallone, a repórter da Folha ferida por um soldado com uma bala de borracha no olho). Ou seja, o leque de opiniões diversas é amplo e conferem credibilidade não apenas à produção, mas atestam a importância deste capítulo recente da história no Brasil. E, nisto, insere-se a relevância do papel das redes sociais como novo advento de protestos e o mito da utilização de vinagre para se proteger dos efeitos das bombas lançadas.

Não faltam boas imagens das agressões sofridas pela PM, as bombas de efeito moral, os saques realizados pelos chamados “vândalos” que se aproveitaram dos protestos, de planos abertos mostrando o peso dos manifestantes nas ruas, a invasão da cobertura do Congresso Nacional em Brasília. Momentos intercalados com diferentes opiniões que atestam o surgimento de uma nova (ou antiga, mas reacendida) consciência brasileira. Um fato interessante é o espaço dado à camada da periferia, que realiza protestos quase todos os dias, mas não é ouvida. Tanto que surge uma nova interpretação para a expressão “o gigante acordou”: no caso da parcela mais pobre da população, a visão é que, ironicamente, os trabalhadores nunca dormem. Uma bela metáfora para que um bom entendedor não precise de maiores explicações.

A edição é um dos maiores acertos da produção. Há dois momentos especialmente falando sobre a montagem. Em um deles, dois diferentes “tipos” de manifestantes falam sobre a PEC 37 (projeto legislativo que teria como principal função garantir a Policia Judiciaria o direito do poder de investigação, barrando a atuação do Ministério Público) e caracterizam tanto o perfil de quem entende qual sua causa e de quem não sabe nada (no caso, a menina entrevista nem sabe explicar porque está no protesto). Em outro momento, vemos manifestantes com visões diferenciadas sobre o protesto do dia 17 de junho, com números que chegaram a um milhão de pessoas nas ruas de São Paulo. De um lado, a opinião de que o movimento dispersou. Do outro, que a pluralidade e antagonismo chegaram a um senso comum.

Ao ouvir todos os lados possíveis destes eventos e acompanhar todos os passos das manifestações, Junho: O Mês que Abalou o Brasil se insere no rol de documentários importantes sobre um dos capítulos mais interessantes da história atual do Brasil ao debater a necessidade da reforma política. Fica o questionamento se os protestos pararam por aí ou se vão se intensificar ainda mais no ano da Copa do Mundo realizada no país. Outro capítulo, que muito provavelmente, há de abalar um pouco mais a estrutura do Brasil.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Matheus Bonez
8
Thomas Boeira
8
MÉDIA
8

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