
Invocação do Mal 4: O Último Ritual
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Michael Chaves
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The Conjuring: Last Rites
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2025
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Reino Unido / EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Em Invocação do Mal 4, cinco anos após os eventos de Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, Ed e Lorraine Warren estão aposentados da carreira de exorcistas, uma decisão motivada, em grande parte, pelo ataque cardíaco sofrido por ele. Apesar disso, continuam circulando em universidades para ministrar palestras. No entanto, a calmaria não dura muito. Eventos perturbadores os obrigam a retornar à ativa mais uma vez: o caso da família Smurl. Horror.
Crítica
Não se trata do fim de uma quadrilogia. Iniciada há mais de uma década, com o primeiro Invocação do Mal (2013), a saga idealizada por James Wan hoje é maior do que aquilo que seu criador poderia dar conta. Tanto é que em Invocação do Mal 4: O Último Ritual ele aparece apenas como produtor e autor da ideia que teria sido desenvolvida no roteiro. Desde Invocação do Mal 2 (2016) – talvez o último capítulo a oferecer algo digno de nota – ele tem se mantido apenas na supervisão dos novos projetos. Enquanto isso, aventurou-se pela DC Comics (Aquaman, 2018, fez mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias), transitou por outra franquia milionária (Velozes & Furiosos 7, 2017) e até ousou em uma trama original dentro do gênero que tem tratado de reinventar (Maligno, 2021, é melhor que qualquer derivado recente). Mas se o homem que deu origem a tudo tem mais com o que se ocupar, qual rumo as transposições das histórias supostamente vividas pelos estudiosos do sobrenatural Ed e Lorraine Warren poderiam ainda ter na tela grande? Um adeus digno do impacto causado. E é isso que, ao menos em parte, esse filme alcança.
A direção agora está nas mãos de Michael Chaves. Longe de ser um novato, estreou como realizador justamente em A Maldição da Chorona (2019). Depois vieram Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021) e A Freira 2 (2023). Ou seja, um fiel seguidor de Wan, pupilo que cada vez mais tem se mostrado preocupado em seguir os passos do mestre. E no comando desse projeto, a busca por algo grandioso e de forte impacto está presente desde os primeiros momentos, resultando em um uso excessivo da trilha sonora e de uma montagem mais atenta ao efeito que pode gerar na audiência e menos em se condiz ou não com o que se passa no enredo. Talvez uma maior preocupação com o que precisava ser dito e menos cuidado com a forma resultasse em um conjunto não tão disperso, mas que prezasse pela coesão. São nada menos do que três roteiristas opinando sobre o rumo dos acontecimentos, além do cineasta e do produtor. Ou seja, uma equação difícil de chegar a um resultado sólido. E isso fica impresso na tela. Com tantas distrações, não causa espanto perceber o quanto se demora para que o enredo, enfim, diga a que veio.
Sim, pois Invocação do Mal 4 leva em paralelo por mais da metade do tempo duas narrativas distintas. Em uma delas, acompanha-se os Warren ainda jovens, no primeiro caso deles. Ao se depararem com algo muito mais poderoso do que imaginavam – e do que estariam preparados para lidar – decidem se proteger, principalmente por perceberem o quanto a filha recém-nascida poderia ser afetada. O episódio foi deixado em aberto, e seguiram com suas vidas, aprendendo e se aprimorando. Duas décadas depois, estão praticamente aposentados, mas a vida lhes reservou outras surpresas. Ao mesmo tempo, os Smurl começam apenas agora a se preocupar. Após a cerimônia de crisma de uma das filhas, a garota recebe de presente um espelho antigo, encontrado em um brechó. Mal sabem eles da ligação desse objeto com o início da carreira dos Warren. Afinal, nem se conhecem, e as duas famílias moram nem no mesmo estado. Mas quando a residência onde moram os Smurl passa a enfrentar cada vez mais severas e violentas manifestações sobrenaturais, é para lá que a filha dos Warren, Judy, se dirige, como que atendendo a um chamado. Não restará mais nada a Ed e Lorraine do que partir no seu encalço. No caminho, velhas lembranças retornam, antigas práticas ressurgem e se veem mais uma vez prontos para enfrentar o mal desconhecido.
Os registros do que teria acontecido com os Smurl respondem por aquele que teria sido o desfecho da carreira dos Warren numa atividade que por anos estiverem envolvidos. O filme de Chaves não se exime em exibir essas evidências durante os créditos finais, reforçando a ideia de que tudo visto até aquele momento seria, portanto, real. Mas que ninguém se engane: Invocação do Mal 4: O Último Ritual é uma obra de ficção. E, como tal, tem o objetivo de entreter. Vera Farmiga e Patrick Wilson seguem esbanjando autoridade como os protagonistas, mas mesmo os perigos que aqui enfrentam são diminutos, uma vez que é sabido o final feliz que os personagens desfrutaram na velhice. Em resumo, eis mais um conto de casa mal-assombrada, com o mérito efetivo de provocar um ou outro bom susto. Por outro lado, o uso exagerado de efeitos digitais, o esforço por vezes gratuito em proporcionar pontes com os capítulos anteriores (Annabelle, estamos falando com você) e descobertas e reviravoltas que não levam a lugar nenhum chegam a cansar, como se distrações fossem para evitar o momento do adeus. Os Warren, enfim, podem descansar. Mas Hollywood é conhecida por não desistir de fontes que ainda tem algo a oferecer. Portanto, variantes – e outros genéricos – não tardarão em seguir mantendo esse caminho ocupado. E aquilo que poderia ser uma despedida em grande estilo é, portanto, somente um até logo. Quem viver, verá.
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