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Sinopse

Indiana Jones precisa impedir que os nazistas encontrem o Santo Graal bíblico. Para isso, vai contar desta vez com a ajuda de seu pai, que também é arqueólogo.

Crítica

Os Caçadores da Arca Perdida (1981) criou o mito. Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) o cercou de trevas. Indiana Jones e a Última Cruzada aperfeiçoou o herói e o colocou em sua maior aventura. Até bem pouco tempo atrás, o protagonista de chapéu e chicote respondia apenas por esta trilogia, obras-primas do cinema de ação que poderiam ser resumidas assim, de forma simples. Por mais bem intencionado que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) possa ser, não chega perto do que fora realizado na década de 1980, principalmente se formos comparar ao filme mais forte da franquia, o que determinava o fechamento da trilogia. Com Harrison Ford defendendo novamente o personagem e com a adição mais do que especial de Sean Connery como o pai do Dr. Jones poderia ser diferente?

Na trama, assinada por Jeffrey Boam e com história de George Lucas e Menno Meyjes, Indiana Jones (Ford) está atrás do Cálice Sagrado, o copo que Cristo usou na Santa Ceia e que fora usado durante a crucificação para colher seu sangue. Segundo a lenda, quem beber deste copo gozará de vida eterna. Quem estudou a vida inteira a respeito do Santo Graal foi o pai de Indy, o Dr. Henry Jones (Connery), que estava na caçada pelo artefato com a assistência e patrocínio do milionário Walter Donovan (Julian Glover). Estamos em meio a Segunda Guerra Mundial e os nazistas também estão à procura deste item que poderia mudar completamente os rumos do conflito. Quando o Dr. Jones some sem deixar vestígios, Indy é escalado para continuar a procura, ao lado da bela e misteriosa Elsa (Alison Doody) e do amigo Marcus Brody (Denholm Elliott). Mal sabia o herói que esta aventura o colocaria cara a cara com Adolf Hitler e na rota de um mistério milenar – mas que sua maior dor de cabeça seria conviver com o seu distante pai.

O sonho de Steven Spielberg sempre foi dirigir uma aventura de James Bond. Tanto que chegou a entrar em contato com os produtores se oferecendo para capitanear um longa do espião britânico, pedido este negado por um nada visionário Albert Broccoli. Em vez disso, o cineasta criaria junto de George Lucas um personagem novo, baseado nos antigos seriados de aventura exibidos nas telonas no passado. Assim nascia Indiana Jones. Em A Última Cruzada, o herói nunca teve uma história tão próxima a um filme de 007, com direito inclusive ao ator que dava vida ao personagem entrando na franquia. Muitos elementos da produção remetem ao agente da Rainha, como as cenas de ação rocambolescas, senso de humor, as locações exóticas e as mulheres fatais. Se Spielberg queria muito trabalhar em um filme de James Bond, foi nesta produção de 1989 em que ele chegou mais perto.

Harrison Ford sempre desempenhou bem o papel do herói irônico, tanto que emendou com naturalidade o seu Han Solo da saga Star Wars com o personagem de chapéu e chicote dirigido por Spielberg. Em A Última Cruzada, além de nos divertirmos com as ótimas cenas de ação (as perseguições de moto, a fuga no dirigível, as lanchas em Veneza, as catacumbas, o desafio contra os tanques de guerra), temos uma hilária dobradinha entre Ford e Connery. Os dois parecem realmente se divertir com a presença um do outro, cada qual fazendo escada para gracejos que criam uma dinâmica única para este longa-metragem. Existe ali uma relação pai e filho complicada, mas que vai se desvelando em afeição e respeito com o passar do tempo. Apenas bons atores como estes dois conseguem este tipo de resultado.

Com trama envolvente e cenas de ação mirabolantes, Indiana Jones e a Última Cruzada é divertimento mais que garantido. Prova real de que Steven Spielberg nasceu para entreter plateias com sua mão para o aventuresco, criando ao lado de George Lucas um dos personagens de ação mais memoráveis da história do cinema. Com a ajuda da música de John Williams e do excelente desenho de produção, o longa-metragem se mostrou o fechamento perfeito para a trilogia iniciada em 1981.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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