Crítica

Lançado no dia 04 de novembro de 2002 – ou seja, há quase 15 anos – Ratchet & Clank se tornou rapidamente uma das séries de jogos de videogame mais populares entre os aficionados do Playstation. Por isso, é curioso perceber não apenas como pode ter demorado tanto para os personagens ganharem a tela grande em um longa de animação, mas também como não houve uma maior dedicação para que Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank fosse um filme minimamente interessante. Do contrário, o que agora podemos conferir não passa de uma oportunidade redundante para os fãs se encontrarem mais uma vez com os dois protagonistas, mantendo-se desinteressante e longe de qualquer tipo de originalidade para os novatos nesse universo.

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A trama é das mais banais: quando um perigo se anuncia, um novo herói passa a ser requisitado. O pequeno Ratchet, um tipo de raposa-mirim em formato humanoide, sonha com a vaga ao lado do Capitão Qwark e seus companheiros – Grimroth, Cora e Elaris. Pelo tamanho e jeito afobado, acaba sendo descartado rapidamente, mas uma ameaça irá aparecer em seguida para mostrar seu valor. Quem o ajuda nesse processo é o robozinho Clank, elaborado por acaso como uma falha do sistema de criação de seres robóticos do mal, uma engenhoca do Doutor Nefarious. É ele, afinal, que está destruindo planetas um atrás do outro, e a missão dos defensores da lei será justamente descobrir como impedi-lo.

Exibido pela primeira vez para o mercado durante uma mostra paralela do Festival de Cannes 20015, Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank só foi ganhar um primeiro trailer oficial em outubro do mesmo ano, ou seja, quase seis meses após sua première. Tal informação indica a falta de interesse que o projeto despertou nos investidores. Da mesma forma, acompanhamos agora sua estreia nos cinemas, com quase um ano de atraso. A distribuidora nacional, aliás, deixou clara sua tentativa de abraçar o mundo com as pernas neste título híbrido – Heróis da Galáxia é voltado a quem nunca ouviu falar nestes personagens, enquanto que Ratchet & Clank fala direto com os já experientes no jogo. Pena que em cena o filme dos diretores Kevin Munroe (As Tartarugas Ninja: O Retorno, 2007) e Jericca Cleland (que cuidou da fotografia de animações como Operação Presente, 2011) pouco se importe com a primeira parcela deste público, voltando-se quase que exclusivamente aos já iniciados.

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A curiosidade que mais ou menos justifica essa história é descobrir como Ratchet e Clank não apenas se conheceram, mas também entender quais foram as aventuras que viveram juntos logo no começo, justificando a forte amizade que os une. No entanto, esse é um filme de videogame, e portanto, a ação é o que, em última instância, de fato importa – e nem essa, calcada excessivamente nos arquétipos da saga Star Wars, acaba se destacando. Alguns tipos conseguem angariar alguma simpatia pela falta de noção (como o Capitão Qwark), mas no geral é tudo muito plano. Ratchet é por demais ingênuo, Clank se contenta em ser apenas objetivo, e o vilão nem ao menos interessante consegue se apresentar. Assumidamente infantil, é um desenho animado apenas para os mais cegos apreciadores do gênero, principalmente aqueles com nível de exigência na faixa dos 8 anos de idade.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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