Harry Potter e a Ordem da Fenix
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David Yates
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Harry Potter and the Order of the Phoenix
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2007
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EUA / Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Desde o princípio ficou claro que uma grande ameaça estaria voltando, se recuperando, e que os acontecimentos futuros ficariam cada vez mais soturnos e assustadores. E se Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005) intensificou este sentimento, este Harry Potter e a Ordem da Fênix elimina de vez qualquer dúvida, comprovando porque Harry Potter é uma das sagas cinematográficas mais elaboradas, bem cuidadas e interessantes do atual cinema hollywoodiano. Quando Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004) estreou, a crítica foi unânime em afirmar que a saída do diretor Chris Columbus, que havia comandado os dois primeiros filmes da série (Harry Potter Pedra Filosofal, 2001, e Harry Potter e a Câmara Secreta, 2002) tinha sido positiva, pois finalmente um "autor" assumiria as transposições dos romances da autora J.K.Rowling para a tela grande - no caso, o mexicano Alfonso Cuarón, recém saído do premiado E Sua Mãe Também (2001). E o comentário geral sobre o terceiro filme era que haviam acabado as aventuras infantis e que a trama finalmente assumia um aspecto mais sério, dramático e perturbador. Mas essa não é uma característica específica deste filme ou dos seguintes: é, sim, da própria trama básica e de seus personagens. Afinal, o protagonista é um menino que sobreviveu a um ataque mortal contra os próprios pais e que traz marcado na testa esta tragédia.
O cenário apresentado logo no início deste quinto filme não é nem um pouco motivador: após a morte de Cedrigo Diggory no final do longa anterior, a notícia de que o perigoso Lord Voldemort estaria de volta foi espalhada por Harry e Dumbledore, diretor da Escola Hogwarts. Mas o Ministro da Magia duvida da informação, por razões políticas, e faz de tudo para desacreditá-los publicamente. O que acontece é que ninguém no mundo mágico se prepara para os tempos nebulosos que estão por vir, e tudo piora quando as aulas recomeçam. O Ministério envia a subsecretária Dolores Umbridge para assumir como professora e voz do governo dentro da instituição. A interferência dela será gradativamente maior, a ponto de destituir outros mestres e até mesmo Dumbledore. Além de se preocuparem com seus futuros pessoais, Potter e amigos terão que lidar com uma situação completamente adversa num lugar que até então lhes era um porto seguro.
David Yates, o diretor, estreia com este projeto na tela grande - até então havia trabalhado apenas na televisão. E, assim como Columbus, é um competente executor de ordens, mas está longe de apresentar uma visão original e inventiva a respeito da trama que se dispõe a narrar. O que vemos, portanto, é uma apressada sucessão de eventos, muitos deles desconexos entre si, que fazem mais sentido para aqueles já familiarizados com o contexto literário. Aliás, A Ordem da Fênix é o maior de todos os livros (cerca de 700 páginas), e o mais curto dos filmes (enxutos 138 minutos). Resultado? Muita coisa ficou de fora, mantendo apenas o essencial do enredo principal. Claro que o trabalho de adaptação é primordial, e a grande maioria dos fatos é bastante compreensível, mas é quase impossível deixar de lamentar a falta de passagens muito interessantes apresentadas na obra literária. Se ao menos servir para aumentar a curiosidade sobre o livro, já terá valido a pena!
Diferente de outros blockbusters deste ano, como os terceiros episódios de Homem-Aranha, Piratas do Caribe e Shrek, Harry Potter chega agora ao quinto filme ainda trazendo consigo novidades e comovendo tanto fãs quanto curiosos. Se até a metade tudo se desenvolve com uma certa pressa, mais para o término o longa finalmente revela seus méritos, em uma conclusão absolutamente fantástica, envolvente e dramaticamente precisa. O espectador fica na ponta da cadeira, torcendo por cada nova reviravolta ou acontecimento. É, sem sombra de dúvidas, o melhor dos "filmes de verão 2007", destes fenômenos de público da temporada. Mesmo não sendo superior às duas aventuras anteriores, mantém em alta a série.
Os parabéns se devem principalmente aos produtores, que conduzem cada novo episódio com um olhar bem direcionado a respeito do que buscam e do que esperam conseguir, e dos atores, todos em ótima forma, desde o trio juvenil Daniel Radcliffe - Emma Watson - Rupert Grint (Harry, Hermione e Rony) até o elenco adulto, em destaque para a novata neste universo Imelda Staunton e para o cada vez melhor Michael Gambon, além, é claro, das ótimas participações de Ralph Fiennes, Emma Thompson, Maggie Smith, Alan Rickman, Helena Bonham-Carter, Gary Oldman, David Thewlis, Jason Isaacs, Robbie Coltrane, Fiona Shaw e Julie Walters (ufa!). A cada instante uma nova surpresa, um novo deslumbre, mais um encanto. Harry Potter e a Ordem da Fênix é perfeito em praticamente todos os propósitos a que se dedica, mesmo sendo nitidamente um produto calculado para dar certo em todos estes mesmos quesitos. É entretenimento básico, honesto e competente. Sorte nossa que ainda restam dois livros!
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