Crítica
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Crítica
Como respeitar alguém que se autobatizou simplesmente como McG? O nome do cara é composto apenas por consoantes, sem vogais! E todo mundo sabe que são as vogais o alicerce de qualquer alfabeto. Da mesma forma como o homem carece de uma base, assim é o cineasta, um aventureiro mais afeito à explosões e tiroteios, ou seja, a tudo que chama atenção e impressiona, do que ao que realmente importa, como uma boa história e personagens convincentes. Exatamente tudo que não há em Guerra é Guerra, um misto de comédia romântica com ação descontrolada em que absolutamente nada é verossímil, desde a trama que motiva os envolvidos como até os próprios atores, que em nenhum momento conseguem abandonar suas personas para, de fato, criarem uma personalidade à parte.
Os absurdos começam já de saída: mulher há anos solteira começa a paquerar dois caras ao mesmo tempo. Da seca para a fartura num mesmo dia. Depois descobrimos que os pretendentes são melhores amigos e, pra piorar, espiões secretos. Ao invés de preocuparem com o ladrão internacional que perseguem, passam seus dias perdendo tempo e buscando novas formas de sabotarem um ao outro em suas tentativas amorosas para cima da garota. Usam e abusos dos recursos da agência de espionagem para, ao invés de realizarem o trabalho que exercem como profissão, armarem entre si como se fossem gato e rato, num jogo que mais lembra as tiras Spy Vs. Spy (da antiga revista Mad) ou os desenhos de Tom & Jerry. Acontece que nestes casos ou tínhamos historietas de uma página ou animações de 5 minutos, e nunca fomos obrigados a enfrentar um longa de 100 minutos da mesma coisa sendo repetida até à exaustão. É pra cansar qualquer um!
Reese Witherspoon, que apesar de ser uma ótima atriz nunca foi considerada uma das mais belas de Hollywood, é o objeto de cobiça dos galanteadores. Ela já ganhou o Oscar pelo drama Johnny & June (2005), mas sua figura cinematográfica sempre esteve mais ligada à estranha atrapalhada, como a nerd de Eleição (1999), a bobinha de Legalmente Loira (2001) ou a esposa de Surpresas do Amor (2008). Ao seu lado estão Chris Pine, o capitão Kirk do novo Star Trek (2009) e que também já se arriscou em comédias românticas (Sorte no Amor, 2006), e a revelação britânica Tom Hardy, visto há pouco em Guerreiro e em O Espião que Sabia Demais, ambos de 2011. Ele é, visivelmente, o mais desconfortável em cena, e sua presença aqui só é justificada por uma tentativa de se tornar mais popular em Hollywood. Mas o desastre nem chega a ser tão grande porque não há desnível: todos estão inadequados e não há a menor química entre os três, seja no bromance dos dois amigos que viram rivais ou em qualquer uma das possibilidades de casais entre ela e os rapazes.
Mas o pior, indiscutivelmente, de Guerra é Guerra, é o condutor de toda a palhaçada, o tal McG. Ele já destruiu as novas versões cinematográficas de As Panteras (2000 e 2003) e acabou com uma franquia de sucesso em Exterminador do Futuro: A Salvação (2009). Sua única preocupação parece ser como fazer o maior barulho possível para distrair a plateia das demais carências do projeto, como um enredo convincente e diálogos inteligentes, que saibam entreter sem desrespeitar o espectador. Isso sem falar no desperdício que é não aproveitar sabiamente coadjuvantes como Angela Bassett, Rosemary Harris ou Til Schweiger. Fracasso de público nos Estados Unidos – onde arrecadou pouco mais do que a metade do seu orçamento, que foi de US$ 65 milhões – esta é uma obra que não atinge nenhum dos seus objetivos: não entretém, não diverte e nem apaixona.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 3 |
Alysson Oliveira | 2 |
MÉDIA | 2.5 |
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