Estás me Matando Susana
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Roberto Sneider
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Me estás matando Susana
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2016
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México / EUA / Canadá
Crítica
Leitores
Sinopse
Eligio acorda certo dia e descobre que sua esposa Susana o deixou sem dizer uma palavra sobre seus motivos ou paradeiro. Ele decide embarcar em uma viagem da Cidade do México até uma universidade de Iowa, nos Estados Unidos, para lutar pela mulher que ama. Ao chegar, ela parece ter seguido em frente com sua vida, mas ele resolve usar seu charme para conquistá-la enquanto enfrenta as dificuldades de um lugar estrangeiro.
Crítica
Só há um motivo para se assistir do início ao fim a Estás Me Matando Susana: o carisma aparentemente interminável de Gael Garcia Bernal. É ele quem literalmente carrega nas costas essa comédia romântica um tanto estranha, que transita por uma linha tênue entre o bizarro e o adocicado, sem ousar investir nem num extremo, muito menos noutro. Fica pelo meio do caminho, acenando para possibilidades muito mais interessantes, porém sem coragem para assumir qualquer uma dessas direções. Além disso, os próprios personagens são um tanto antipáticos, difíceis de serem admirados, sejam em suas motivações ou no que acaba por lhes acontecer durante os 100 minutos de história. Sem empatia, o que resta é apenas seguir seus desencontros, sem dar muita atenção nem torcida, até porque o final pode ser adivinhado a quilômetros de distância.
Eligio (Bernal) é um ator de teatro que reluta em assumir uma vida adulta e envolta por responsabilidades. Aceitou trabalhar em uma telenovela, provavelmente por isso lhe oferecer alguma estabilidade financeira – afinal, o salário de professora da esposa, Susana (Verónica Echegui, de Fuga Implacável, 2012), não é suficiente para os dois. Apesar disso, segue levando o mesmo estilo de vida boêmio, chegando sempre tarde em casa, invariavelmente envolto por amigos ou outras mulheres. É do tipo galanteador, que não consegue deixar um rabo de saia passar sem o provocar. Isso até acordar e reparar que está sozinho. Não é algo comum, mas tudo bem. E o dia transcorre quase que normalmente. Só que à noite, ao chegar mais uma vez muito depois do previsto, finalmente percebe o tamanho da sua solidão: Susana o deixou. Sem bilhetes, despedidas ou mesmo um adeus. As roupas delas se foram, nada mais que lhe pertencia está ao alcance da vista. Logo fica óbvio que não foi algo que lhe aconteceu: foi uma decisão, fria e simples, de deixá-lo.
Este seria o momento para o diretor Roberto Sneider (do excessivamente melodramático Arranca-me a Vida, 2008) investir em uma improvável comédia de erros, com o protagonista quebrando a cabeça e aprendendo com os próprios erros enquanto parte no encalço da mulher desaparecida. Esse, talvez, fosse um filme interessante. Estás Me Matando Susana, no entanto, não é nada disso. Afinal, o mistério a respeito do paradeiro da companheira é elucidado em dois telefonemas: ela passou em um curso de literatura nos Estados Unidos, e para lá se foi sem avisá-lo por estar, ao mesmo tempo, cansada da desatenção dele e por acreditar que ele não compreenderia esse desejo de mudar de vida. No entanto, na mesma semana em que as aulas começam, ela já vai parar na cama de outro estudante estrangeiro, um poeta polonês. Enfim, o que fica claro é que amor era o que de fato faltava na relação entre Eligio e Susana.
Como todo macho latino, Eligio não dá o braço a torcer. Ao descobrir o destino da esposa, é para lá que parte, decidido a trazê-la de volta – veja bem, ele não quer reconquistá-la, e, sim, apenas retomar a sua posição de conforto em uma relação abusiva e unilateral, da qual apenas ele encontrava algum tipo de prazer. Só que ao invés dos dois assumirem suas posições e buscarem um entendimento como duas pessoas adultas, os personagens de Estás Me Matando Susana parecem mais crianças em um jardim de infância: ela aceita os desmandos do marido, e até chega a fingir uma felicidade reconquistada, apenas para correr de volta para os braços do polaco brutamontes no primeiro instante de desatenção do marido. É evidente que não mais existe desejo, quanto mais respeito, entre eles. É pura birra e orgulho ferido que se reflete a partir da insistência dele – e da relutância dela – para tentarem, ainda que de modo falho, retomarem seus laços. Uma união forçada que, obviamente, não os levará a lugar nenhum.
Pior do que um argumento que não se sustenta, tem-se a direção equivocada de Sneider, incapaz de encontrar um tom para a história que se propõe a contar. Começa como romance, resvala para a comédia e chega a ter momentos dramáticos, sem alcançar o equilíbrio em nenhuma dessas incursões. Os elementos são simplesmente atirados em cena, de modo desajeitado e sem alcançar o efeito esperado. Há pitadas de crítica socioeconômica – como a chegada de Eligio aos Estados Unidos – e outras de puro pastelão – segundos após afirmar que está com os bolsos cheio de dinheiro, ele se recusa a pagar uma corrida de táxi, gerando uma correria digna d’Os Trapalhões. Violência física e sugerida – seja pelo enfrentamento do nanico Gael frente ao seu oponente com mais de dois metros de altura, como mesmo na relação do casal – também estão em pauta, sem nunca ameaçar a reflexão que se esperaria diante de tamanhos absurdos. Em resumo, Estás Me Matando Susana serve apenas para mostrar que um astro não surge do nada. Afinal, se Gael Garcia Bernal consegue tornar assistível mesmo uma bomba como essa, algum mérito ele tem. Espera-se, agora, que volte a empregá-lo em projetos dignos do seu talento.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Francisco Carbone | 1 |
MÉDIA | 2.5 |
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