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Sinopse

Quando o esquilo Scrat, na sua eterna busca pela noz, acaba causando uma série de eventos cósmicos que resultam na eminente colisão de um asteróide com a Terra, Manny, Sid, Diego e o resto do “bando” tem que viajar para um lugar exótico em busca de uma solução.

Crítica

Uma hora é preciso dizer chega. No caso da franquia A Era do Gelo, este fim tem se arrastado há bons episódios. Não que os filmes sejam exatamente ruins. Mas a cada novo capítulo da saga, os personagens vem perdendo identidade, ficando sem graça e o principal: os roteiros tem cada vez mais jogado para todos os lados sem acertar um alvo específico. E o elenco inflado aliado à história que até promete, mas cai na mesmice, torna A Era do Gelo: O Big Bang o mais descartável do que qualquer outro da série.

Desta vez acompanhamos Scrat, que em sua insana obsessão por sua noz, acaba acessando uma nave espacial (!) perdida numa geleira. Apertando sem querer os botões, ele vai parar nos confins do espaço, sempre tentando alcançar seu alimento, e acaba causando uma ruptura em um asteroide que, é claro, logo segue em direção à Terra. No plano terrestre, várias histórias seguem em segundo plano: Sid está em busca de um amor; Manny num dilema com a esposa Eddie, já que Amora, a filha deles, está prestes a casar com um mamute que ele não vai com a cara; já Diego... bom, este fica relegado a terceiro escalão, fazendo uma tirada ou outra. Quem faz o elo de ligação da vez é Buck, o mix de cientista maluco com pirata solitário, que retorna para, junto com a trupe toda, tentar impedir que o tal asteroide se choque com o planeta e destrua tudo.

Ou seja, já é bom falar de início: a péssima adaptação do título não diz nada com nada. Não há nenhum Big Bang aqui, até porque o universo já havia sido criado há muito tempo na história da animação. Aliás, muito antes do primeiro filme. O título original, numa tradução livre, seria algo como “rota de colisão”, o que realmente se encaixa na proposta. Porém, não é este o único problema do longa. Para preencher o vazio de enredo entre a descoberta da possível extinção e o surgimento da Geotopia (um lugar recheado de cristais magnéticos comandado por uma comunidade hippie), a história é preenchida com várias gags divertidas (especialmente quando a Vovó Preguiça aparece em cena, a melhor personagem criada aqui até então) e outras nem tanto.

Pior é quando tentam encaixar o velho drama clichê da filha que quer sair de casa, mexendo bastante com o machismo dos roteiristas, especialmente no que tange ao casamento. Toda garota quer se casar? É isso mesmo? Aliás, todos os personagens precisam ter um par? O amor não pode ser descrito de várias formas? Há um recado nada educativo e normativo demais por aqui. E escutar piadinha de “ah, mulheres” em uma mesa de bar... bom, já estamos em 2016, certo? Assim, os personagens vão perdendo muito do que eram.

Eddie, que era tão independente no segundo filme, se torna a esposa mala e sem sal de Manny. Aliás, este sempre foi um grande chato, salvo apenas pelos amigos. Sid, que oscilava entre o engraçadinho e o irritante, agora se encaixa perfeitamente nesta segunda categoria. Diego nem fala quase nada pra ter algo relevante a se considerar. De longe, o único personagem mais desenvolvido e que se torna interessante é o próprio Buck, ainda mais quando entramos em sua mente fragmentada e descobrimos o quão inteligente ele é, mais ainda do que já aparentava. E até serve como algo educativo no campo científico, já que acaba lidando com questões de física e geografia de forma lúdica para os pequenos.

Porém, aí está a grande questão: o filme é feito apenas para as crianças. Obviamente este é o principal público-alvo da maioria das animações dos grandes estúdios, mas em tempos em que rivais como a Pixar e a DreamWorks apostam na criatividade de mesclar aventura juvenil e personagens fofos com a malícia de referências que só os grandinhos vão entender, este longa acaba se tornando um produto totalmente supérfluo e esquecível quando as luzes se acendem. Uma pena. Poderia ter sido a grande revigorada da série e acabou se tornando apenas um show de maluquices assumidas. Ao menos isso. A intenção não é ser inteligente, e sim totalmente escrachados. Mas só quem não se perder na confusão de histórias e personagens vai conseguir aproveitar bem isso.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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