Elon Não Acredita na Morte
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Ricardo Alves Jr.
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Elon Não Acredita na Morte
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2016
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Após o desaparecimento de sua esposa, Madalena, Elon imerge em uma jornada pelos cantos mais sombrios da cidade, buscando entender o que pode ter acontecido com ela. O problema está na tentativa de não perder sua sanidade pelo caminho.
Crítica
Há alguns anos, estreou no Brasil um filme que por aqui ganhou o suspeito título de Golpe Duplo (2015). Nele, o personagem de Will Smith era um malandro determinado a aplicar um esquema no milionário interpretado por Rodrigo Santoro e, quando as coisas pareciam ir mal, ele tirava uma carta na manga na última hora para reverter a situação mais uma vez a seu favor. O que era para ser surpresa do roteiro, portanto, acaba sendo previsível a partir do batismo nacional (pois o título original era Focus, ou seja, sem referência com o aqui adotado). Mais ou menos com o que acontece com o drama vivido pelo protagonista de Elon Não Acredita na Morte. E quando o nome já se encarrega da tarefa de estragar qualquer eventual revelação oferecida ao espectador, é importante que o durante seja melhor que o destino apontado. O que, infelizmente, nem sempre acontece por aqui.
Em atuação excepcional – o grande mérito do filme, aliás – Rômulo Braga compõe um Elon perturbado e em constante preocupação. Madalena, sua esposa, desapareceu. Onde ela está, é o que deseja saber. Para isso, não poupará esforços. Vai ao trabalho dela, à casa de amigas da mulher, procura pela cunhada e até à polícia irá se dirigir, em busca de qualquer tipo de ajuda. Ele, no entanto, não é uma pessoa que tratos facilitados. A aparência bruta, o olhar cansado e o jeito taciturno dificultam que as pessoas delem se aproximem, quanto mais consigam se abrir com o que possa contribuir à sua busca. É possível que cada um por ele contatado saiba de alguma coisa. Mas esse conhecimento não chegará a ele.
O mais instigante: por que Madalena sumiu? Seria motivo de fuga, ou algo pior teria acontecido? Não estaria a resposta para essa questão na própria pessoa de Elon? Afinal, quem é ele? De personalidade difícil, enfrenta problemas no trabalho e encara os momentos de contato com autoridades como verdadeiros desafios. Madalena vai e vem a seu bel prazer, sem dar satisfações ou avisos prévios, ou tem-se aqui uma exceção? Elon, no entanto, deixa claro não estar pronto para lidar com essa situação. Sua peregrinação é intensa, afundando-se em uma escuridão que terá múltiplos reflexos. Talvez ele próprio desapareça ao trilhar por esse caminho. Ele precisa dela. Mas precisaria ela dele?
O diretor Ricardo Alves Jr. deixa claro que seu interesse é se aproximar desse personagem a ponto de sufocá-lo em todas as suas ansiedades. E encontra em Rômulo Braga um intérprete à altura da missão que lhe é conferida. Ele se desintegra a olhos vistos, desnuda-se sem pudor, ao mesmo tempo em que confere em um rosto rígido as certezas às quais se agarra para seguir acreditando naquilo que lhe é obrigatório. A relação de Elon e Madalena parece doentia, sufocante. “Você ama de um jeito muito complicado”, lhe diz a irmã dela. Mas não seria essa voz apenas lembrança de algo passado que talvez justifique o momento presente? Ele está perdido. E quando tudo parece se voltar contra si, decidir qual o próximo passo soa tão necessário quanto seguir acreditando. Não é fácil abrir mão de convicções. E Elon não está pronto para mudar, por mais fortes que sejam as evidências diante de si.
O caminho trilhado pelo personagem não é desprovido de atrativos. O espectador coloca-se ao seu lado e se sente motivado por suas inquietações. No entanto, à medida em que os acontecimentos vão se desenrolando, dúvidas surgem. Muitos dos eventos mostrados mais servem para desconstruí-lo psicologicamente do que para avançar a trama. E se num instante se revelam válidos, a repetição dos mesmos aponta para uma redundância incômoda. Elon Não Acredita na Morte torna seus escassos 75 minutos de duração muito mais extensos do que tais números poderiam apontar. Com maior objetividade e abrindo mão de excessos – como figuras que entram e saem de sua jornada sem muito a acrescentar – poderia ter-se em mãos uma obra coesa, forte e precisa no que precisa ser dito. Independentemente do formato em que viesse a se apresentar. Não é o caso, no entanto. E ao almejar ir além do que tinha em mãos, esvazia-se o discurso. Elon pode não acreditar em muita coisa. E da mesma forma, fica difícil acreditar nele mesmo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Chico Fireman | 5 |
Edu Fernandes | 5 |
Diego Benevides | 8 |
Francisco Carbone | 6 |
Cecilia Barroso | 7 |
MÉDIA | 6.2 |
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