Crítica


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Sinopse

Mergulhada em memórias em forma de imagens e textos, tento te encontrar.

Crítica

Selecionado para a terceira noite de programação do Cine PE – Festival do Audiovisual de Pernambuco, É Difícil Te Encontrar integrou a mostra competitiva nacional de curtas-metragens. Curioso, no entanto, é o exercício de buscar justificativas para tal inclusão além da sua diminuta metragem: são apenas 2 minutos de projeção. Durante esse tempo a diretora e roteirista Sabrina Menedotti desenvolve uma poesia visual, infelizmente enxuta demais para proporcionar qualquer tipo de envolvimento maior com o espectador. Bonito, com certeza, bem como efêmero e passageiro, de valor estético momentâneo, que se esvai tão logo os créditos anunciem o encerramento.

Artista plástica, Menedotti apresentou o filme à plateia do Cine São Luiz, em Recife, por meio de uma performance. Agradeceu aos presentes, mas logo assumiu nova persona, fazendo uso de uma máscara e de um poema retirado do bolso. Ao narrar temas de nostalgia e tristezas, alegrias e esperanças, saudades e lembranças, ofereceu um prólogo propício ao que estava por vir. A narrativa é livre, e a técnica assumida é a animação. No entanto, não há apuro determinista. O que almeja é a liberdade dos pássaros ou o mergulho dos peixes. Quer se ver livre, mesmo lamentando a falta do apego, do apreço, do porto para o qual voltar. De estrutura documental, fala de si, voltada para o íntimo, mesmo que disposta a ser ouvida pelo mundo.

Também montadora e responsável pela direção de arte de seu filme, Sabrina Menedotti cria uma obra estranha, de não fácil aceitação. Muitos irão simplesmente ignorá-la. É mais fácil, pois rejeita-se o diferente com imensa facilidade. O melhor seria exercer esse diálogo através de outro tipo de proposta, que não a da tela gigante de um festival de cinema. Imagina-se que numa exposição, num ambiente mais íntimo, beneficiando-se de uma possível repetição, tais anseios fossem melhor proferidos – e, da mesma forma, absorvidos por uma plateia já preparada para o que está por se desenrolar.

Memórias exploradas através de imagens e textos já deram muito pano para manga, mas geralmente isso se dá pelo excesso, não pela escassez. Ao trilhar um caminho adverso, a diretora ousa, assim como também restringe. O preço é alto, e nem sempre estará à altura daquilo que será visto por aqueles (poucos) dispostos a com ele lidar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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