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Sinopse

Uma jovem descobre que sua família pode ter servido de inspiração para o livro A Primeira Noite de um Homem. Ela mesma pode ser descendente biológica do escândalo, que envolveu o caso mantido entre um rapaz e a esposa do patrão de seu pai.

Crítica

E se você descobrisse que sua avó foi a musa inspiradora de um dos maiores clássicos do cinema? Pior, e se essa personagem baseada nela fosse uma senhora aparentemente digna que tem um caso com um garoto cerca de vinte anos mais jovem? E se este rapaz, ainda por cima, fosse namorado da sua mãe – e, possivelmente, seu pai? Bem, este é o dilema que enfrenta Sarah Huttinger (uma competente e divertida Jennifer Aniston) às vésperas do seu casamento em Dizem Por Aí...

Ela nunca se sentiu “integrada” à própria família: não dirige como o pai, não gosta de tênis como a irmã, não se sente confortável com as manias e costumes dos familiares. Quando o namorado (um charmoso Mark Ruffalo, porém sem grandes oportunidades) lhe pede a mão, todos estes conflitos internos vêm à tona, o que a leva a vasculhar seu passado e o dos parentes. Quem lhe dará as dicas fundamentais para essa “investigação” será a avó (Shirley MacLaine, divertidíssima) e uma tia distante (a ótima Kathy Bates, numa participação não-creditada). E as respostas estão – ou ela vai acreditar estarem – no filme A Primeira Noite de um Homem (1967). Seria sua avó a própria Mrs. Robinson?

As coisas começam a clarear quando encontra o milionário Beau Burroughs (Kevin Costner, em um passo acertado após tantos erros do passado), que possivelmente teria sido o homem responsável por tudo aquilo. Enquanto isso, a garota terá que se entender com o namorado, com o futuro profissional e a harmonia familiar tão desejada desde a ausência da mãe, falecida quando tinha apenas nove anos de idade.

Dizem por aí... (o título, por si só, já é um achado) pode ser apenas mais uma comédia romântica, e como tal não foge algumas simplicidades, soluções óbvias e clichês. Dito isso, no entanto, é possível apreciá-la com carinho e diversão, uma vez que a ação se desenvolve à contento e com bons resultados. O diretor Rob Reiner se recupera do constrangedor Alex & Emma (2003) e nos faz mais uma vez lembrar da mão habilidosa vista em Harry & Sally: Feitos Um Para o Outro (1989). E a brincadeira que o filme carrega com a própria história do cinema é um bônus, um sabor a mais que torna essa aventura ainda mais curiosa e interessante.

O importante aqui é que as referências são feitas com respeito e honestidade: tudo se assume, mas nunca de forma abusiva. Ou seja, não se parte do antigo longa para buscar o sucesso deste – não é uma continuação, muito menos um remake. O filme anterior é usado apenas como ponto de partida de uma trama completamente diferente. E ainda assim envolvente. Outro ponto positivo são os atores – MacLaine e Costner repetem pequenos trejeitos vistos nas atuações de Anne Bancroft e Dustin Hoffman, em composições muito dignas e reverenciosas. Sem se levar muito a sério e não desejando ir além de entreter com inteligência e profissionalismo, Dizem por aí... é um produto bem feito e competente, que somente por despertar a curiosidade das novas platéias pela obra-prima de Mike Nichols já cumpre sua missão. E, felizmente, ele vai além disso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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