Crítica


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Sinopse

Num dia dos namorados, 22 pessoas são assassinadas. Exatamente quando esse evento macabro completa 10 anos, Tom regressa à sua cidade natal marcada pela tragédia. No entanto, ele é recebido como o principal suspeito pelos crimes.

Crítica

É impressionante quando nos damos conta de a que ponto as coisas são capazes de chegar! Dia dos Namorados Macabro não é um filme motivado por qualquer tipo de instinto artístico – seja lá qual for – e sim somente um produto comercial que visa divulgar o Cinema em Terceira Dimensão. Agora, o mais chocante mesmo é que ao menos isso ele faz bem! Afinal, se até o cartaz de divulgação optou por mostrar uma sala de cinema, lotada, assustada com um efeito tridimensional, ao invés de algumas tradicionais cenas da produção, como personagens e cenários, o que mais se pode esperar? Esquecer de qualquer lógica, desligar o cérebro por 90 minutos e procurar se divertir com bons sustos e um enredo que, por mais absurdo que seja, consegue conectar os pontos e fazer algum sentido.

Refilmagem de uma produção menor do gênero, lançada em 1981 e que acabou sendo engolida pelos Freddies Krueger e Jason Vorhoes que também surgiram na mesma época, Dia dos Namorados Macabro não foge muito dos padrões pré-estabelecidos: muita nudez feminina, jovens sendo assassinados da maneira mais gratuita imaginável e um vilão aparentemente imortal, tudo se passando numa pequena e pacata cidade do interior. Bastante familiar, não? A diferença, aqui, é o tom assumidamente B, quase amador, da fotografia aos coadjuvantes, das reviravoltas às motivações e os traumas dos protagonistas: tudo é tão farsesco, improvável e ridículo, que é quase impossível segurar o riso.

A história começa com 22 pessoas sendo mortas por um demente vestido com uniforme de minerador, dentro de uma mina, em pleno dia dos namorados. Dez anos se passam e três dos sobreviventes daquela chacina se reencontram: um está de volta para vender as terras da família, após a morte do pai, e entre as propriedades que serão desligadas está a fatídica indústria mineradora; o outro é o atual xerife da cidade; e a mocinha, no passado namorada do primeiro, agora está casada com o segundo. Se esta situação por si só já é desconfortável, tudo fica ainda pior quando novas mortes começam a acontecer, e provocadas também por um homem de máscara e uniforme, tal qual uma década atrás. Estaria o mesmo assassino vivo e ainda com sede de matança? Ou seria outro maluco sanguinário decidido à dar continuidade à lenda do dia dos namorados macabro?

Dirigido por Patrick Lussier, profissional com experiência neste assunto – é responsável também por levar às telas Drácula 2000 (2000) e Luzes do Além (2007), sem mencionar seu envolvimento como editor em produções como a trilogia Pânico, Halloween H20 (1998) e Amaldiçoados (2005), por exemplo – Dia dos Namorados Macabro não pretende nada mais do que ser uma diversão rasteira e descartável, mas que provoque barulho suficiente – dentro e fora das salas de exibição. Com Jensen Ackles (do seriado Supernatural, em que divide cena com Jared Padalecki, visto recentemente à frente do remake de Sexta-Feira 13 , 2009), Jaime King (Sin City, 2005) e Kerr Smith (Premonição, 1999) no elenco, todos belos e rasos,  é perfeito como programa de final de semana, mas não sobrevive è meia reflexão. E como custou US$ 15 milhões e arrecadou só nos Estados Unidos quase quatro vezes este valor, tudo indica que o horror voltou pra ficar – nem que seja confinado às sessões 3D, propícias para quem busca mais emoção e um visual assustador, deixando de lado um pouco a razão e a maturidade. Pipoca, sim. Mas com orgulho!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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