Crítica


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Sinopse

Antes até de sua popularização através do ainda candidato Donald Trump, o termo "fake news" começou a despontar nos Estados Unidos na esteira de um complexo estratagema de desinformação, no intuito não só de direcionar pessoas como fazer com que perdessem a noção de em quem acreditar, tendo como alvo principal a própria imprensa.

Crítica

"Prefiro um mundo sem fake news, mas se outros as usam também irei usá-las."

Popularizado pelo então candidato Donald Trump, num de seus ataques costumeiros à imprensa, o termo fake news ganhou vida própria. Passou a trazer consigo não apenas a notícia falsa, em sua tradução literal, mas também toda uma orquestração conspiratória de forma a atingir quem acusa. Mais que propriamente servir de beabá acerca do termo, este documentário vem mostrar um pouco das origens de seu uso, ao menos de acordo com o modelo atual. Ao mesmo tempo, aponta para a consequência direta no melhor estilo "quem com ferro fere, com ferro será ferido", como aponta a fala que dá início a este texto.

Focado única e exclusivamente no cenário americano, Depois da Verdade esmiuça o modus operandi do gabinete do ódio que habitualmente cerca a implantação de fake news. De fóruns anônimos espalhados pela internet até teorias plantadas sem fundamento, tal iniciativa conta com o cansaço da população diante dos excessos do poder público para não só contestá-lo mas, também, demolir qualquer credibilidade. É no cenário de terra arrasada em que se pode despontar líderes que "dizem verdades", muitas vezes sem se importar com o quão arrogante ou preconceituoso ou apenas grosseiro se é.

Por mais que vez ou outra apareça em cena, não é em Trump o foco deste documentário. Ele é apenas a cara mais conhecida de uma estratégia que se tornou ainda mais ampla devido à vitória nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, estimulando o contragolpe com as mesmas armas. Sem buscar previsões de qualquer tipo, Depois da Verdade se ocupa com os fatos e mentiras do dia a dia, com as inevitáveis consequências decorrentes. E só.

É na ausência de uma análise mais ampla, conceitual até, que carece este documentário. Se ao relatar vários casos locais ele esmiuça a contento como se estabelece a cultura das fake news, ao menos em território norte-americano, por outro lado falta alguma reflexão acerca desta conjuntura. Ela apenas surge, em parte, quando se refere ao poder existente no Facebook, como ferramenta global de comunicação. Ainda assim, sempre a partir de pedaços do depoimento de Mark Zuckerberg no Congresso, por vezes usado como crítica aos próprios políticos.

Para nós, brasileiros, é inegável fazer uma imediata associação com situações tão comuns por aqui, e até mesmo as variáveis que tal tática ganhou em solo - ou seria rede? - tupiniquim. A começar pelo amplo uso do WhatsApp, ignorado neste documentário e tão popular entre os brasileiros. Mas esta é outra história, que nem se encaixa neste filme, por mais que seja inevitável pensar em tais paralelos.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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