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Sinopse

Toto é o menor de toda granja onde nasceu. Ele tem o sonho de se tornar o grande galo do povoado, mas quando um fazendeiro ameaça destruir o seu lar e a sua família, Toto e seus amigos entram em uma viagem para encontrar um treinador que possa ajudá-los a defender seu lar.

Crítica

Você lembra de A Fuga das Galinhas (2000), animação que foi tão ovacionada pela crítica e o público na época que chegou a ser cogitada pelos especialistas como possível indicada a Melhor Filme no Oscar? A trama não era super original, mas sabia se desenvolver com graça, personagens marcantes, gags engraçadíssimas e um stop motion espetacular. O sucesso foi tanto que várias outros filmes tendo aves como protagonista tentaram, mas nenhum conseguiu chegar perto da inventividade deste longa da Dreamworks. Pois o mexicano Cantando de Galo parece ser mais um destes títulos, ainda que esteja bons anos atrasado e sem um terço da qualidade do original.

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Não que trabalho dos irmãos Gabriel e Rodolfo Riva Palácio tenha grandes ambições, sejam técnicas ou narrativas. O longa, na realidade, fecha uma trilogia que começou com Ovos, de 2006, e seguiu com Outro Filme de Ovos e uma Galinha, de 2009. E nenhum dos títulos vai além de uma diversão passageira. As histórias são bem simples: desta vez, Toto, o menos dos galos da região, quer se tornar o guardião da fazenda onde vivem. Mas ele está em processo de mudança de voz, nem consegue cacarejar para despertar os outros e ainda precisa enfrentar o peso pesado Bankivoide para salvar a granja dos humanos.

A animação é um poço de referências que vão das mais óbvias e pertinentes à histórias, como as que incitam a saga Rocky Balboa - bem como sua trilha, numa divertida versão latina -, e O Poderoso Chefão (1972), até outros personagens e histórias como Homem-Aranha, Karatê Kid, Harry Potter e por aí vai. Porém, às vezes parece que o roteiro é apenas isso e não consegue fazer evoluir os personagens de uma forma geral, causando pouca (ou nenhuma) empatia com eles. A maioria é esquecível quando as luzes se acendem. E, para uma animação, isto não é um bom indício. Afinal, atrelado aos filmes do gênero sempre vem grandes campanhas de marketing que implicam a venda do produtos em outros setores, como o dos brinquedos ou da moda. E quem quer um Toto em miniatura ou estampado na camisa se ele tem sal nenhum?

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A técnica em si também sofre, ainda mais perante os grandes estúdios como a Pixar e a Dreamworks. O estilo parece amador, mas na verdade está mais atrelado à natureza televisiva do que cinematográfica. Parece um grande episódio de TV coloca nas telonas. Ainda há uma exaltação das rinhas de galo que podem chocar os mais puristas e defensores dos direitos dos animais, um ponto bem capenga do roteiro. Chega a ser estranho que este filme tenha sido lançado nos cinemas brasileiros, já que seus dois predecessores nunca passaram por aqui. Nem as indicações ao Ariel Awards e o Platino Awards soam como justificativa, já que são dois prêmios desconhecidos por aqui. É uma pena, porque potencial a história e seus personagens tem. Só falta pensar mais e desenvolver melhor.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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