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Sinopse

Um navio se depara com um exército alienígena que deseja conquistar a Terra. No entanto, a tripulação do couraçado vai montar uma estratégia para defender o planeta.

Crítica

Depois dos carrinhos que viravam robôs (Transformers) e dos bonequinhos soldados (G. I. Joe, ou como chamavam na minha infância, Comandos em Ação), chegou a vez de mais um brinquedo ser adaptado para o cinema. É o mais pontual sinal da crise de originalidade de Hollywood – depois dos livros, dos programas de televisão e de eventos históricos, agora até simples produtos podem servir como fonte de inspiração. E como vimos nestes exemplos anteriores, o resultado mais uma vez fica bem aquém das expectativas. Battleship: A Batalha dos Mares é inspirado no jogo de tabuleiro Batalha Naval, aquele em que cada jogador tentava acabar com a frota marítima do oponente apostando em coordenadas (sempre um número e uma letra, tipo coluna C, linha 10). Algo tão emocionante que o lugar ideal para praticá-lo era na praia, em dias de chuva, quando não se havia absolutamente mais nada para se fazer. E esse tédio é exatamente o mesmo sentimento que a versão cinematográfica provoca no espectador.

Perde-se meia hora no início da trama apresentando os personagens. São eles o jovem rebelde Alex Hooper (Taylor Kitsch, protagonista de John Carter: Entre Dois Mundos, maior fracasso de 2012 até o momento e responsável pela demissão do presidente dos Estúdios Disney), que ganha um rumo na vida ao ser alistado na Marinha pelo irmão mais velho, o Comandante Stone Hooper (o sueco Alexander Skasrgard, que tem conquistado mais espaço na tela grande após o sucesso do seriado True Blood). Os dois estão sob o comando do Capitão Shane (Liam Neeson, no piloto automático), pai da bela Sam (Brooklyn Decker, de Esposa de Mentirinha, 2011), e que vem a ser a namorada de Alex. Chama atenção – mas sem a menor função na história – a participação da cantora Rihanna, em sua estreia no cinema, como uma oficial que apenas executa ordens. Ela não canta, não exibe as curvas sinuosas do corpo malhado e nem serve como interesse sexual de nenhum dos diversos homens que estão ao seu redor. A impressão é de que ela deveria funcionar como um alívio cômico, o que obviamente não acontece. Enfim, o único motivo dela estar aqui é colocar mais um nome conhecido no cartaz e tentar, assim, somar mais alguns dólares na bilheteria.

Depois desse início modorrento, Battleship: A Batalha dos Mares tem início durante um exercício naval. Ao contrário do jogo, quando o confronto era entre frotas rivais de mesma natureza, aqui o embate se dá motivado por uma invasão alienígena. Mas ao contrário do que vimos em filmes como ID4: Independence Day (1996) e em tantos outros do gênero, o que aqui temos não é uma presença massiva. Inspirado nos planos reais da NASA de emitir sinais à formas de vida extraterrestres, o que acontece é uma resposta a essa comunicação inicial. Os aliens chegam dispostos a conquistar e a eliminar o que estiver pela frente, mas essa equipe de reconhecimento precisa se instalar e retomar contato com o planeta natal, confirmando a chegada e solicitando o envio de novos pelotões. É aí que os esforços humanos se farão presentes, lutando para acabar com estes planos e frustrando esse começo de batalha.

A falta de argumento é tão gritante em Battleship – A Batalha dos Mares que, lá pelas tantas, os personagens de fato abandonam tudo e passam a jogar Batalha Naval com os aliens, tentando eliminá-los a partir de dados gráficos, como num tabuleiro. Se jogar já é chato, imagina então assistir os outros jogando! Pois é o que acontece. O diretor Peter Berg, que havia se saído bem com efeitos especiais no interessante Hancock (2008), perde de vez a mão nos exageros, dispondo de personagens rasos e clichês, com os quais é praticamente impossível se envolver. Alguns destes protagonistas morrem já nos primeiros ataques, e ninguém parece dar devida atenção ao fato. E se eles não se importam, por que nós deveríamos? E assim temos mais um filme que faz muito barulho por nada. Desperdício de tempo e de dinheiro, tão descartável quanto um passatempo de férias.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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