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Sinopse

Barão planeja cometer o crime perfeito. Mas, para isso acontecer, ele precisa encontrar os comparsas certos. Depois de cerca de três meses de planejamento com eles, mais de R$ 150 milhões são surrupiados do Banco Central, em Fortaleza, no Ceará, sem a necessidade do disparo de um único tiro.

Crítica

Para quem é entusiasta do cinema nacional, é sempre bom perceber qualquer tipo de investimento que resulte em diversificação. Além das comédias globais e dos dramas históricos, o thriller Assalto ao Banco Central investe em caminhos alternativos, resultando numa boa surpresa. Ainda que se trate de uma produção irregular, longe de ser perfeita, também não se pode negar que se trata de uma tentativa eficiente de fazer algo diferente, não desprovido de qualidades. Este não é um longa com ambições artísticas: o discurso, aqui, é puro entretenimento. E ainda que vise um público mais amplo e comercial, o faz através de um elenco competente e uma equipe técnica afinada. O resultado é uma comunicação que se estabelece com bons resultados.

Assalto ao Banco Central parte de um episódio verídico – um furto milionário acontecido em Fortaleza anos atrás e que permanece sem a prisão dos principais envolvidos – para criar uma trama de ficção. O roteiro possui algumas boas sacadas – mérito de Rene Belmonte – e narra duas ações simultâneas, entre idas e vindas no tempo. Assim, é possível acompanhar os preparativos do roubo e também a investigação policial que tal ação desencadeia. A formação da quadrilha, os talentos envolvidos no plano e como esse se desenvolveu, enquanto que do outro lado estão dois policiais tentando descobrir o que aconteceu, e principalmente, como a empreitada se deu com tamanho sucesso. Num segundo momento, os investigadores também começam a acertar, juntando pontas que os levam a elucidação do caso.

Marcos Paulo – profissional experiente da televisão, em sua estreia (e única experiência) como realizador cinematográfico – carece de maleabilidade na condução da história. Isso fica evidente por não evitar clichês visuais e soluções óbvias. No outro lado da balança, Assalto ao Banco Central se destaca pelos bons desempenhos dos atores, que formam um elenco coeso e eficiente. Milhem Cortaz e Eriberto Leão, ambos interpretando tipos fortes e seguros, são os líderes do grupo, disputando o controle da ação e o coração da esperta Hermila Guedes. Frente a eles estão Lima Duarte e Giulia Gam, ele excelente com o veterano com medo de ser ultrapassado, ela compondo com seriedade a policial que tenta deixar de lado a vida pessoal para demonstrar eficiência no trabalho. Entre os coadjuvantes, chamam atenção Vinícius de Oliveira, Juliano Cazarré e Tonico Pereira, três atores de escolas distintas, mas que funcionam bem um ao lado do outro.

Sem a intenção de ser memorável ou arrebatador, Assalto ao Banco Central contenta-se em se apresentar como uma aventura divertida. Acima de tudo, é essencial para qualquer cinematografia que se pretenda abrangente e universal. Ainda que tenha sido feito no Brasil, poderia vir de qualquer outro país com igual efeito. Dinâmico e envolvente, justifica o mais de um milhão de espectadores que somou nos primeiros dias em cartaz. E falar com o grande público, sem subestimá-lo, é um objetivo que não pode ser desprezado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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