Crítica
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Sinopse
Arnaud aparentemente teria um verão calmo e relaxante. Mas, ele acaba conhecendo a bela e rude Madeleine.
Crítica
O título brasileiro – que, na verdade, é uma tradução da adaptação em inglês – pode passar a ideia errada de se tratar de uma comédia romântica de erros, sobre dois personagens que tanto se amam quanto se odeiam, brigando o tempo todo um com o outro até o inevitável final feliz. Pois nada poderia ser mais equivocado em relação ao interessante Amor à Primeira Briga, drama de estreia de Thomas Cailley, cineasta que até então havia realizado apenas curtas-metragens. Para se ter uma melhor ideia do que realmente trata este filme, talvez o mais aconselhável seja se fixar no original francês Les Combattants, algo como ‘os combatentes’, resistentes, incansáveis. Pois o que aqui temos são dois personagens que, por mais contrárias que possam ser suas intenções, permanecem firmes à elas até o fim. E é justamente por isso que merecem um ao outro.
Arnaud (Kévin Azaïs, visto recentemente na comédia Se Fazendo de Morto, 2013) é um jovem que teria tudo para levar uma vida tranquila. Após a morte do pai, seguiu o trabalho da empresa familiar de carpintaria ao lado do irmão mais velho, atuando no balneário onde vivem construindo móveis e pequenas instalações, de um caixão a um pergolado. Tudo começa a mudar quando conhece Madeleine (Adèle Haenel, de L’Apollonide: Os Amores da Casa de Tolerância, 2011), uma jovem tão fechada quanto determinada. Essa estranheza que transmite provoca uma sensação quase hipnótica no rapaz, que por ela se interessa e passará a fazer de tudo para estar ao seu lado. A resistência dela aos primeiros contatos não o desmotiva – pelo contrário, apenas o estimula para conhecê-la cada vez mais de perto, descobrindo seus gostos e preferências. E assim encontrarão algo em comum.
Ele não vê problemas, e está feliz com o que tem. Ela, por outro lado, acredita que o mundo está prestes a acabar e prevê o crescimento do caos social a qualquer momento. Para tanto, é preciso se preparar, e a solução que encontra é a mais severa possível. Por isso decide se inscrever em um acampamento para treinamento militar. Quer testar seus limites, vencer suas resistências e experimentar o pior para estar pronta para o que vier. Ele, ainda que não veja muito sentido nisso, seguirá ao seu lado. A partir daí a narrativa construída com bastante perspicácia por Cailley – autor do roteiro ao lado de Claude Le Pape – começa a revelar suas verdadeiras cores. Quem, de fato, tem as melhores condições para sobreviver? Aquele que segue de acordo com o vento, aproveitando cada momento, ou a que está sempre pensando no amanhã, sem nunca observar de fato o hoje?
Amor à Primeira Briga tem mais desdobramentos do que uma primeira leitura possa permitir. A relação que se constrói entre estes dois personagens é intensa e muito delicada, ainda que não se exima em se aprofundar nas feridas que carregam consigo. Cenas de grande impacto, como a vida no idílio natural ao qual se refugiam ou a chegada à cidade abandonada condenada a não mais existir ficarão na mente de muitos. São elementos, no entanto, que servem para vasculhar melhor as intenções dos protagonistas e, principalmente, mostrar como ambos, ainda que diferentes, se complementam com tamanha força, fazendo do conjunto entre eles uma soma maior do que suas partes individuais. O amor, ainda que consequência, é início e fim. E talvez seja por isso que sua beleza insuspeita remanesça na audiência por tanto tempo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Chico Fireman | 6 |
Francisco Carbone | 6 |
MÉDIA | 6.3 |
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