Crítica


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Sinopse

Liderando sua equipe de volta para casa, a tenente Ellen Ripley colide com um planeta-prisão. Única sobrevivente, ela descobre que um alien infiltrado causou a tragédia. Ripley novamente terá de lutar para sobreviver.

Crítica

É fácil descobrir os porquês que levaram Alien 3 a ser o filme mais odiado de toda a série. Até o diretor David Fincher – indicado ao Oscar pelos elogiados O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e A Rede Social (2010) – aqui em seu trabalho de estreia na tela grande, já cansou de afirmar que não gosta do resultado e que renega sua autoria, declarando que este é um produto dos produtores, e não dele. Mas por outro lado, este é também o primeiro da série em que a protagonista Sigourney Weaver assina a produção – e quem melhor do que ela, que esteve presente nos quatro longas da saga, para saber qual o melhor destino para estes personagens? Por outro lado, qual a razão de tanto desprezo, uma vez que a ideia aqui foi evitar os exageros do capítulo anterior (Aliens: O Resgate, de 1986) e promover uma retomada às origens, recuperando o espírito original daquele que deu origem a tudo isso (Alien: O Oitavo Passageiro, de 1979)? O certo é que um olhar mais detalhado perceberá que, mesmo longe de alcançar o impacto que os dois primeiros longas tiveram, este terceiro episódio é bastante digno da mitologia em que se insere.

Assim como Ridley Scott, David Fincher também era um prodígio da publicidade antes de se aventurar no cinema. E os pontos de semelhança entre Alien 3 e Alien: O Oitavo Passageiro não terminam por aqui. Mais uma vez, temos o ambiente enclausurado, um único predador à caça de suas vítimas e uma luta desesperada dos humanos contra a morte iminente. Ao invés de uma nave espacial, no entanto nos encontramos na prisão de segurança máxima do Planeta Fury 161, onde temos 25 prisioneiros (ao contrário dos 7 tripulantes da Nostromo). A intenção de tornar a história mais dinâmica, intensa e violenta é bastante clara. E a visão de Fincher, se não está completa, ao menos se faz presente no visual apocalíptico – lembrando muito o videoclipe da canção Express Yourself, de Madonna, dirigido por ele – e nos enquadramentos que assumem o ponto de vista do alienígena, como nas perseguições finais. O problema é que foram muitas apostas, quando o que se esperava era apenas mais do mesmo. E foram essas quebras de expectativas que geraram uma avaliação, ao menos no momento do seu lançamento, tão negativa.

Após a fuga no final de Aliens: O Resgate, Ripley (Weaver) e seus companheiros – a garota Newt, o militar Hicks e o androide Bishop – todos inconscientes em câmeras de sono induzido, são atacados por um último alien e a nave em que viajam cai neste planeta isolado. Isto tudo é mostrado ainda nos créditos iniciais, o que confirma a intenção de tornar o desenrolar da trama mais ágil e dinâmico. Quando são encontrados pela população local, apenas ela está viva – todos os demais faleceram, e logo se descobre como. O monstro que se acreditava morto viajou junto com eles, e agora está na mesma prisão que eles. Como de lá não há como fugir, só lhes resta lutar num combate de vida ou morte.

Alien 3 toma algumas decisões bastante controversas. Logo de início encontramos a menina, aquela pela qual todos torciam no filme anterior, morta. Ou seja, a frustração surge no começo. Depois de matarem uma criança, quem morre brutalmente em seguida é um cachorro – paralelo com o gato que, também, passa por grandes perigos mas consegue chegar ao final de Alien: O Oitavo Passageiro são e salvo. A impressão que se tem é de uma declaração: “olha só, sabemos o que aconteceu antes, mas agora tudo será diferente e qualquer coisa pode acontecer”. Bem, de fato, qualquer coisa acontece. Até o impensável! E esse parece ser o seu maior pecado, pois nenhum porto seguro é preservado.

Essa quebra de paradigma, além de alguns outros golpes de marketing sem sentido – Ripley está careca! – fazem de Alien 3 o filme mais arriscado, e também original, de toda a série. Sigourney Weaver é a protagonista absoluta, a única mulher em cena, e seu desempenho é novamente envolvente e angustiante. David Fincher dá os primeiros sinais da genialidade que desenvolveria nos anos seguintes, e nem a interferência do estúdio – que levou o diretor a abandonar o projeto antes mesmo da edição final do longa – foi suficiente para descaracterizar essa obra singular. É o mais pesado e sombrio de todos os filmes, o único sem um final feliz óbvio, mas ainda assim o mais corajoso e ousado. Poderia ser melhor, sem dúvidas. Porém, está longe de ser o desastre que muitos apontam. Arte, afinal, também é assumir riscos, e aqui eles se encontram por todos os lados.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
7
Francisco Carbone
8
MÉDIA
7.5

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