Crítica
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Sinopse
Crítica
Um filme sobre a vida e a obra de Adoniran Barbosa poderia tranquilamente se chamar Trem das Onze, sua canção mais conhecida e popular. No entanto, o diretor Pedro Serrano decidiu batizar o documentário dedicado ao artista como Adoniran: Meu Nome é João Rubinato. Realizador do premiado curta Dá Licença de Contar (2015), que tinha o ex-titã Paulo Miklos interpretando ninguém menos do que o próprio Adoniran, ele segue essa mesma declarada paixão. Porém, dando um passo adiante, e mais ousado: revisitar, através de uma impressionante pesquisa histórica, a vida e a obra do homem que até então servira apenas como referência, ganhando, agora, o lugar central de uma homenagem mais do que merecida. Um filme que nasce a partir de uma gênese como essa, é preciso concordar, busca mais enaltecer do que manchar a reputação do biografado. E é exatamente o que encontramos na tela: um registro que deixaria o músico orgulhoso, porém que dificilmente encontraria espaço em suas composições.
Responsável por canções populares, que até hoje estão na boca do povo, como Saudosa Maloca (1951), Samba do Arnesto (1953) e Tiro ao Álvaro (1960), Adoniran é reconhecido, hoje, como o pai do samba paulista – terra que, segundo Vinícius de Moraes, merecia ser chamada de cemitério do samba. Como se percebe, fazer sucesso em terreno tão árido não era para qualquer um. Mas Adoniran, fez, e esse perdura até hoje, ainda que não o tenha desfrutado como de fato merecia em vida. Ao morrer, aos 72 anos, em 1982, vítima de um enfisema pulmonar, deixou para sua companheira de mais de quarenta anos, Matilde de Lutiis, apenas a casa onde os dois moravam.
E é neste ponto em que voltamos ao título do filme. Caso tivesse optado pelo mais convencional Trem das Onze, provavelmente o que teríamos seria mais do menos, composto pelo relato honroso de seus familiares e amigos mais próximos, que elevariam às alturas um artista de talento único, porém pouco ofereceriam de novo aos fãs já iniciados. Por outro lado, Meu Nome é João Rubinato busca desvendar o Adoniran Barbosa que poucos conheceram. É o homem que se assumia melancólico, triste com a própria capacidade de administrar suas conquistas e incapaz de explorar de forma consciente o dom com o qual fora agraciado, obrigando-se a creditar mais na sorte do que no mérito pessoal seus grandes feitos.
Serrano, no entanto, mostra a que veio ao pontuar a narrativa do seu filme na voz do próprio Adoniran Barbosa. O artista, ainda que morto há mais de três décadas, está vivo e presente durante os mais de noventa minutos de projeção. E não apenas em suas músicas, a maioria absolutamente autorais e de registro muito pessoal, mas também em entrevistas que denotam um impressionante e abrangente estudo histórico. Somos confrontados com ele falando sobre as origens de suas canções, suas influências, as parcerias artísticas, os descasos amorosos, os insucessos, o início da carreira, tristezas e felicidades. O conjunto, portanto, se revela bonito, mas por vezes exageradamente respeitoso. Talvez, se o ímpeto investigativo fosse maior, o resultado fosse um pouco diferente – e mais provocador.
É importante ter isso em mente, pois Adoniran foi uma figura cercada por controvérsias. A origem do seu nome, as inspirações e como nasceram seus maiores sucessos, as relações afetivas, a convivência com outros artistas e os altos e baixos da carreira receberam mais de uma versão, muitas vezes sendo contraditas pelo próprio. O único que vez ou outra lança essa dúvida a seu respeito é um sobrinho que, no entanto, é pouco corroborado pelos demais depoimentos. Assim, o espectador termina a sessão tendo redescoberto um nome imprescindível da cultura nacional, aqui apresentado como resultado de uma positiva compilação, sem ter ido, no entanto, muito além do que teria encontrado caso tivesse feito ele mesmo uma busca no Google.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Alysson Oliveira | 7 |
Rodrigo de Oliveira | 7 |
MÉDIA | 6.5 |
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