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Sinopse

Preparando a sua tão esperada festa de formatura, um grupo de jovens tem histórias que se entrelaçam.

Crítica

Diversos ambientes podem traduzir uma geração. Partidas de futebol, espaços de trabalho e clubes são alguns exemplos. Mas talvez o mais sincero e heterogêneo modelo seja uma festa. Nela, são descobertos papos, relações e desejos despidos das máscaras sociais do dia-a-dia aborrecido. Vestido com sua melhor roupa, aquela que está pronta para algo especial, o enredo de A Última Festa pode até carecer de uma espessura emocionante, mas proporciona um engraçado retrato daqueles que moldarão o futuro.

A trama é simples: um grupo grande e distinto de estudantes se reúne durante uma folia de formatura do colegial. Entretanto, é a partir dessa premissa que cada um terá espaço para mostrar o quão diversa pode ser uma classe escolar. O garoto LGBTQIAP+ ingênuo e acanhado, o rapaz LGBTQIAP+ desapegado e egocêntrico, o disseminador de fake news inveterado, o nerd brincalhão, a menina rica mimada e a moça estudiosa. Todos estes, e outros, estão dispostos pelo diretor e roteirista Matheus Souza.

O eixo principal de tantas mini-sagas que se seguirão pela noite festiva é comandado pelo quarteto de amigos interpretado por Marina Moschen, esforçada em representar alguém que lida com descobertas de sexualidade e uma gravidez indesejada; Christian Malheiros, um cômico apaixonado que passará por provações ao melhor estilo "tiktok challenges" pela noitada; Giulia Gayoso, a fogosa garota que faz o filme engrenar nos primeiros minutos com suas falas rápidas e divertidas; e Thalita Meneghim, que faz rir ao trazer as maiores inseguranças da Geração Z com um pessimismo surpreendente. Entretanto, projetos como este, que nos convidam a brincar juntos aos personagens, como A Última Festa de Solteiro (1984) e Uma Noite Mais que Louca (2011), ganham ainda mais vitalidade na descentralização de protagonistas. Nessa escolha acertada do cineasta, abre-se espaço para artistas que se popularizaram na internet por seus dinâmicos e contemporâneos discursos brilharem, como Victor Lamoglia e Victor Meyniel.

Para o espectador menos aclimatado o trajeto da produção, vale pontuar que direção de Souza - que já foi indicado ao Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro pelo Roteiro Adaptado de Confissões de Adolescente (2013) - propõe misturas e evoluções de seus projetos anteriores, tais como Tamo Junto (2016), que apresenta dramas típicos de jovens adultos, e Me Sinto Bem Com Você (2021), que manifesta múltiplos olhares de um mesmo drama.

Talvez o maior deslize da condução narrativa é flertar com a seriedade que aqui parece não possuir gancho. Apesar do sentimento de dúvida presente, ele é deixado de lado pelos frequentes dribles éticos que a juventude permite. No final das contas, numa licença semi-metalinguística, A Última Festa pode ser considerado um excelente longa para ser exibido em uma outra festança, vejam só. Mas, claro, cabe uma primeira visita, de maior atenção, e outra num futuro encontro, dotada de desprendimento.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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